18/05/2012 16:33:48
A venda do milho no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa/PE) está 50% menor que em 2011. A constatação foi feita pelos cerca de 15 vendedores do produto no local. A queda nas vendas e o consequente aumento no preço é reflexo da seca no Nordeste.
Hoje, a mão do milho (composta por 50 unidades do produto) varia de R$ 20 a R$ 25, dependendo do tamanho e da qualidade do alimento. Esse valor é 108% superior ao comercializado no mesmo período do ano passado. O ciclo junino para o comércio começou nessa segunda-feira (14). “A oferta diminuiu cerca de 20% no período de uma semana. A tendência é que os preços continuem caros até o São João.
A verdade é que as perspectivas com esta seca não são nada boas”, explicou o diretor Operacional do Ceasa, Paulo de Tarso. O vendedor Arlindo Abílio de Lima comercializa no Ceasa há 20 anos. De acordo com ele, a grande procura ainda é dos pequenos vendedores de milho cozido e canjica. Eles, no entanto, estão comprando bem menos do que nos anos anteriores. "Todos os dias tem cliente, mas nem sempre compram. Não vale a pena pelo valor encontrado hoje, mas a gente também não pode baixar o preço", explicou o vendedor.
O milho vendido no Centro de Abastecimento é comprado atualmente nos municípios de Bonito e Barra de Guabiraba, no Agreste de Pernambuco, e em algumas cidades do Ceará.
Ivan Riberiro vende canjica e milho cozido na frente da casa onde mora, no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. Ele costuma comprar milho no Ceasa três vezes por semana. No entanto, por conta dos altos preços, as vendas já estão caindo. "Já fiz uma pesquisa de preço, mas os valores estão praticamente os mesmos. Desse jeito, vou vender muito menos que o habitual", disse Ivan.
Apesar dos altos preços e do período de estiagem, os vendedores garantem que o negócio é rentável e supre as necessidades. Até a metade da manhã desta quarta-feira (16), cerca de 150 mãos de milho já haviam sido vendidas por Arlindo Abílio. "Não troco isso aqui por nenhum trabalho formal", garantiu ele. Cada vendedor paga cerca de R$ 7 por dia ao Centro de Abastecimento. Durante o mês de maio, 15 pessoas dividem o espaço destinado à venda de milho. Com a proximidade do São João, no entanto, cerca de 50 pessoas, entre vendedores do Recife e do interior do Estado, disputam a venda do produto mais querido do São João.
Há quem discorde sobre os preços do milho. Admilson Carlos, de 46 anos, é vendedor de milho desde a década de 80. Para ele, o milho não está caro. "O problema é que o salário mínimo não dá pra pagar mais nada hoje em dia e isso reflete nas compras também", desabafou o vendedor.
Hélio José de Oliveira vende milho o ano inteiro no Ceasa há 34 anos. Ele espera que as vendas aumentem porque depende exclusivamente do comércio para sobreviver. "Eu vendia de 7 a 8 mil espigas de milho por dia. Esse ano não estou vendendo mais de 5 mil, mas acredito que isso vai melhorar. A tradição aqui em Pernambuco é grande. Independentemente do preço, as pessoas compram", disse Hélio. O diretor Operacional do Ceasa, Paulo de Tarso garante que não há perigo de faltar milho no São João. “A maioria das plantações de milho em Pernambuco é feita através da irrigação, não depende diretamente da chuva", disse.
Quase metade dos municípios pernambucanos está em estado de emergência por causa da falta de chuvas. Oitenta e seis cidades estão nessa situação, o que representa 45,9% dos municípios. Além do Sertão, a seca atinge o Agreste e a Zona da Mata do Estado.
Fonte: UOL, 16 de maio