20/05/2014 08:22:25
Milho é o principal ingrediente da ração usada para alimentar os animais.
Produtores precisam vender o grão e depois comprar de fora mais caro.
Do Globo Rural
Criadores de frango e suíno de Santa Catarina enfrentam um problema: o estado não tem capacidade para armazenar todo o grão que produz. O resultado é que a ração para alimentar os animais tem que vir de fora, um prejuízo e tanto.
Todo produtor quando semeia a lavoura, torce por uma produtividade recorde. E tem sido assim, ano após ano, em Campo Erê, no oeste de Santa Catarina. O problema é que este aumento na produção tem gerado dor de cabeça para muita gente porque faltam armazéns para guardar tantos grãos.
Os silos da CoopErê estão lotados de milho e soja. Há grãos por todo lado. Até a moega, local usado para descarregar os caminhões, está cheia de milho.
Segundo a Secretaria de Agricultura, o estado de Santa Catarina deve produzir este ano 6,5 milhões de toneladas de grãos, mas a capacidade de armazenagem do estado é de 4,2 milhões de toneladas. Sem lugar para guardar a safra, os produtores acabam vendendo para outros estados, o que é um problema, já que em Santa Catarina se concentra um dos maiores planteis de aves e suínos do país, que dependem destes grãos para se alimentar.
A venda da produção daqui para fora só aumenta a dependência dos catarinenses por grãos produzidos em outros estados. Os mesmos caminhões que levam milho e soja para o Porto de Paranaguá, por exemplo, em menos de quatro meses buscarão grãos no Centro-Oeste para abastecer Santa Catarina.
Esta situação reflete no bolso. A saca de milho é vendida pelos produtores por R$ 24, mas o criador que compra o grão do Paraná, por exemplo, acaba gastando R$ 30 para receber a mesma saca.
No caso das agroindústrias, a conta é ainda maior. A Cooper Central Aurora consome 100 mil toneladas de grãos por mês para alimentar aves e suínos e 70% desse volume vem de fora do estado.
O governo de Santa Catarina informa que está subsidiando os juros para a construção de novos armazéns. A meta é ampliar a capacidade em 24% nos próximos quatro anos.
Olacir Bavaresco é dono de uma granja de suínos no município de São José do Cedro. Ele trabalha no sistema independente, tem 2,5 mil suínos entre matrizes e animais na engorda, que consomem 18 mil sacas de milho por ano. Olacir conhece bem as dificuldades de ter o produto em mãos, ser obrigado a vender e em seguida ter que comprá-lo de volta.
Fonte: Globo Rural, 30 de abril