11/6/2008 16:29:56
Um inesperado ajuste para baixo na previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para a produtividade das lavouras americanas de milho nesta safra 2008/09 motivou a alta do grão ontem na bolsa de Chicago e reforçou a expectativa de que a inflação global dos alimentos está longe de perder fôlego.
Que a produção de milho dos EUA iria cair em relação à temporada 2007/08 era ponto pacífico, uma vez que o grão perdeu espaço para a soja no país, sobretudo pela melhor rentabilidade da "rival". Mas o volume projetado no relatório divulgado ontem pelo USDA, de 298,08 milhões de toneladas, surpreendeu.
A nova estimativa é 9,91 milhões de toneladas (3,2%) menor que o número divulgado em maio e está 34 milhões de toneladas (10,2%) abaixo da colheita de 2007/08. E, segundo o USDA, a correção reflete uma perda de produtividade causada por um atípico excesso de chuvas em regiões produtores do Meio-Oeste do país.
Para Paulo Molinari, da Safras&Mercado, os cálculos do USDA comprovam que o desenvolvimento da safra dos EUA não está bem. Mas o analista considera a correção perpetrada precoce e grande demais. Com a mexida, o volume previsto pelo USDA para os estoques finais americanos recuou 11,8% em relação à estimativa de maio, para 17,08 milhões de toneladas. Na comparação com 2007/08, a baixa é de 53,1%.
Molinari nota que a redução dos estoques finais teria sido maior não fossem as reduções estimadas para o consumo total de milho nos EUA e para as exportações americanas do grão. Não houve qualquer redução na previsão de utilização do grão para a produção de etanol no país.
Como o órgão elevou sua projeção para a produção fora dos EUA (em países como China e Ucrânia), os estoques finais mundiais foram elevados para 103,29 milhões de toneladas, 4,3% mais que o previsto em maio. Em relação a 2007/08, a queda ainda chega a 14,7%.
Em Chicago, prevaleceram as mudanças americanas e os preços testaram novas máximas, apesar da valorização do dólar em relação a outras moedas. Os contratos para setembro fecharam a US$ 6,8675 por bushel, em alta de 16,25 centavos de dólar.
Não houve, no relatório do USDA, grandes novidades sobre o Brasil. Molinari desconsidera a previsão do USDA para as exportações de milho do país em 2008/09 (11 milhões de toneladas), da mesma forma que Renato Sayeg, da Tetras Corretora, não se surpreendeu com a previsão para a produção de soja na temporada (64 milhões de toneladas) ou com a estimativa para as exportações (28,55 milhões, 300 mil a menos que o número calculado para os EUA.
Para Sayeg, o que se destaca no quadro da soja é o tímido aumento da demanda mundial - "o USDA usa uma dose grande da recessão interna para medir o mundo" -, o pequeno aumento do volume da safra argentina, que poderia ter sido maior, e a redução do teor de óleo na colheita dos EUA, que significa que o grão está com menor qualidade.
Em Chicago, onde os traders já haviam "precificado" a expansão dos estoques mundiais graças ao maior plantio americano, as cotações caíram graças ao dólar. Agosto fechou a US$ 14,4925 por bushel, em baixa de 4,50 cents.
Nos EUA, os analistas de trigo consideraram o relatório do USDA neutro e os preços em Chicago foram na carona com o milho. Setembro subiu 20,50 centavos de dólar e fechou a US$ 8,2550 por bushel.
Fonte: Porkwolrd, 11 de junho