18/6/2008 10:55:30
SÃO PAULO (Reuters) - Em meio à colheita de uma safra recorde, os preços do milho estão firmes nas principais regiões produtoras do Brasil, influenciados pelas geadas ocorridas nos últimos dois dias no Paraná e também pelos problemas na safra dos Estados Unidos, o maior fornecedor global.
No Paraná, principal produtor brasileiro do cereal, vendedores elevaram os valores de suas ofertas entre 5 a 10 por cento, na comparação com o final da semana passada, segundo corretores. Na BM&F, o primeiro contrato do milho, o julho de 2008, subiu mais de 4 por cento em relação ao fechamento de sexta-feira.
"Até o momento, o que está prejudicando é essa retração decorrente das geadas. O pessoal recuou bastante", disse o corretor Alexandre Maron, da Trigo Branco, em Ponta Grossa (PR).
Segundo ele, os negócios no final da semana passada estavam aquecidos, inclusive com alguns registros de vendas para exportação, uma vez que produtores aproveitavam a alta no mercado internacional (Chicago já subiu 24 por cento no acumulado do mês), com as enchentes nas áreas produtoras de milho nos Estados Unidos.
"Mas aí vieram as geadas e parou tudo de vez", acrescentou Maron.
O corretor afirmou que o produtor elevou as suas ofertas de venda para 26 reais por saca (60 kg), a retirar, alta de 6 por cento ante sexta-feira.
As geadas atingiram especialmente o milho segunda safra do Paraná, com produção estimada no início do mês pelo Ministério da Agricultura em 6,4 milhões de toneladas, ou pouco mais de um terço do que o Brasil poderia colher na safrinha (18,5 milhões de toneladas, ante 14,7 milhões de toneladas em 2007).
Ainda não é possível dimensionar o tamanho das perdas no Paraná por geadas, que também teriam ocorrido no sul de Mato Grosso do Sul, segundo fontes do mercado.
Na região de Maringá, mais ao norte do Paraná, as ofertas também estão na faixa de preço registrada em Ponta Grossa, mas o aumento foi maior. "Estava saindo negócio a 22 (reais) na semana passada... Tem oferta, mas não tem comprador (a 26 reais)", disse um segundo corretor que pediu para não ser identificado.
Segundo ele, o frio intenso está afetando especialmente a ponta compradora, que esperava contar com preços mais baixos com o início da colheita da safrinha.
Esse corretor afirmou que, embora tenham aumentado as sondagens de importadores pelo milho brasileiro, os negócios externos ainda não ganharam força, até porque o volume da safrinha que chega ao mercado não é grande.
"Quem tem milho (da safra de verão), tem contratos para cumprir, e com o problema da geada, o cara acaba segurando, o mercado está totalmente parado", observou a fonte, que não vê possibilidade de mudança nos próximos dias, uma vez que a temporada de frio apenas começou.
Para quarta-feira, o órgão paranaense Simepar (http://www.simepar.br) prevê mais geadas, mas de menor intensidade. No entanto, o mercado já está voltando atenções para uma onda de frio prevista para os dias 25 e 26 de junho.
A Secretaria de Agricultura do Paraná voltou a registrar temperaturas negativas em importantes áreas produtoras do Estado, como Palotina e Toledo, na terça-feira, mas ainda é cedo para quantificar as perdas, segundo agrônomos.
"Esses dados indicam que a geada pegou o milho safrinha, a extensão disso não se tem... Duas geadas subsequentes... concretiza o dano que deve ter havido na primeira", observou a agrônoma da secretaria Margorete Demarchi.
Fonte: Reuters / Brasil On Line, 17 de junho
(Edição de Denise Luna)