10/9/2008 11:25:49
As exportações brasileiras de milho devem fechar 2008 em um patamar "distante" do registrado no ano passado, devido à atual maior oferta nos países que foram os principais importadores em 2007, quando o Brasil embarcou para o exterior um volume recorde do cereal, disse o presidente da Câmara Setorial de Milho e Sorgo.
"Neste ano, os europeus estão se abastecendo internamente... O Brasil não conseguirá nem de longe o número do ano passado", afirmou César Borges de Sousa, também presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Milho (Abimilho), confirmando informação antecipada pela Reuters em reportagens anteriores.
Ele lembrou que na temporada passada, em meio a uma quebra na produção de trigo na União Européia, os europeus foram buscar o milho no exterior para substituir parte do cereal utilizado na fabricação de ração.
O Brasil exportou quase 11 milhões de t de milho em 2007, com os europeus pagando um prêmio de até US$ 100 por t pelo grão não-transgênico do Brasil, num mercado mundial de oferta apertada e com preços altos.
Do total exportado pelos brasileiros, 7,1 milhões de t tiveram como destino os países da União Européia em 2007, segundo dados do Ministério da Agricultura.
Em 2008, embora a demanda esteja bem mais fraca - sem o prêmio pago no ano passado, o que torna o mercado interno mais atraente para o produtor nacional -, a maior parte das exportações brasileiras, que somam até agosto 3,6 milhões de t, também foi destinada aos países da Europa.
Esse volume, no entanto, está mais de 2 milhões de t abaixo das exportações brasileiras acumuladas de janeiro a agosto de 2007.
Além da maior demanda européia, em 2007 o Irã comprou milho brasileiro, em um volume de cerca de 3 milhões de t. Na temporada atual, o Brasil não está contando com as compras do país do Oriente Médio, que parece ter deixado as diferenças geopolíticas com os Estados Unidos de lado, adquirindo o produto mais barato americano.
O Brasil conta com as exportações para tentar enxugar e sustentar o mercado interno, diante da produção de uma safra recorde em 2007/08, de 58,6 milhões de t.
"Hoje não se consegue mercado nem para transgênico nem para não-transgênico", acrescentou Sousa, em um evento em São Paulo para o lançamento da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modifidados (Abrange).
A associação foi lançada no primeiro ano em que será cultivado comercialmente o milho transgênico no Brasil.
Três variedades de milho geneticamente modificado, já aprovadas pelo governo, estão em processo de multiplicação de sementes, para um posterior uso em larga escala no Brasil. Mesmo assim, algumas poucas lavouras com o grão transgênico já devem ser semeadas na safra de verão 2008/09.
Segundo Sousa, também presidente da Abrange, a associação inicialmente visaria apenas fomentar o cultivo da soja convencional, mas diante da expectativa do início do plantio de milho também terá o objetivo de estimular a semeadura desse cereal não transgênico.
No ano passado, se o Brasil já plantasse milho transgênico em larga escala, as exportações seriam bem menores, segundo fontes da associação, devido à resistência de mercados externos, especialmente da Europa, aos produtos geneticamente modificados.
Fonte: Terra, 9 de setembro