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O avanço do etanol produzido a partir do milho nos Estados Unidos provoca uma ebulição no mercado brasileiro. Pela primeira vez, exportadores como o Grupo André Maggi fecham contratos para venda, ao mercado externo, de milho que sequer foi plantado e que será colhido apenas no segundo semestre de 2007. Integrações de aves e suínos no país também já fazem compra antecipada do grão para entrega a partir de julho, com intuito de garantir suprimento.
O estímulo a esta mudança estrutural do mercado, que pode transformar o Brasil em exportador regular do grão, vem dos preços internacionais, que subiram 83,8% em 12 meses, na bolsa de Chicago. A alta reflete a menor disponibilidade de milho para exportação nos EUA, que sempre foram o grande fornecedor mundial. E está arrastando junto preços de outros grãos para ração, como soja e trigo, com reflexos positivos para a rentabilidade da próxima safra brasileira.
Além da exportação de 500 mil toneladas de milho da safra de verão, que está no campo agora, e outras 400 mil toneladas da safrinha, para entrega a partir do segundo semestre de 2007, tradings já fecharam negócios para janeiro de 2008. Nessas operações, o preço para entrega no segundo semestre de 2007 ficou entre US$ 150 e US$ 155 a tonelada, US$ 30 maior que em igual período deste ano.
Segundo analistas, a alta da demanda por milho para etanol deve abrir espaço para a exportação do Brasil e da Argentina, onde, na semana passada, o governo decidiu suspender os registros de exportação da safra 2006/07, que dispararam e alcançaram 10,5 milhões de toneladas.
Patricio Lamarca, chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura argentina, disse ao Valor que a demanda exportadora pode interferir nas metas do país de contenção da inflação e de produção de álcool a partir do milho. "Temos projetos para ampliar a produção de álcool a partir do milho", afirmou.
Fonte: Valor on-line, 22 de novembro