23/12/2008 14:56:19
Jornal do Comércio (Ana Esteves) - A estiagem que tem castigado as regiões Noroeste do Estado, Planalto e Missões já faz muitos produtores contabilizarem perdas de até 50% nas lavouras de milho. A mesma situação se repete em municípios como Passo Fundo, onde 20% do total plantado será perdido. Conforme o assistente técnico regional da Emater em Passo Fundo, Cláudio Doro, em média, as perdas em nível estadual devem chegar a 30%, o que representa mais de um milhão de toneladas que deixarão de ser colhidas.
A expectativa da Emater-RS era de que fossem colhidas 5,4 milhões de toneladas. "Como a região Noroeste planta mais cedo, a falta de umidade prejudicou a formação das espigas e o enchimento dos grãos. Na maioria das plantações do cereal não há mais recuperação, mesmo com o retorno das chuvas", diz Doro. O técnico informa que parte do prejuízo poderia ter sido evitada, caso os produtores tivessem usado maior volume de recursos tecnológicos nas lavouras, iniciativa travada pelo alto custo dos insumos durante 2008. "A produtividade foi afetada e a menor fertilidade do solo em casos de baixa umidade agrava a situação", ponderou.
Segundo ele, assim que foi anunciada quebra na lavoura, os preços já reagiram: em uma semana, subiram 2,78%, de uma média de R$ 18,00 a saca para R$ 18,50. "Caso não houvesse a quebra, poderíamos chegar em 2009 a tão esperada auto-suficiência", avalia. Nesse contexto, aumenta a necessidade de importação do cereal do Paraná, Argentina e Paraguai.
Não bastasse o problema da quebra na produção, o setor se preocupa também com os reflexos da crise global, que já estão sendo sentidos, especialmente pela retração de consumo, diminuição da exportação de frangos e baixa disponibilidade de crédito. "Com a baixa na avicultura, é possível que sobre milho no mercado o que deve achatar os preços."
O superintendente de agricultura no Estado Francisco Signor, afirma que diante dessa realidade está providenciando espaço e melhores condições para o trabalho da comissão que analisa os pedidos do Proagro da região Sul do Brasil, pois com essa situação, certamente será muito grande o número de solicitações.
Conforme Signor, para diminuir os prejuízos, muitos agricultores estão roçando o milho para efetuar o plantio da soja, já que a lavoura está totalmente comprometida, sem possibilidade de produzir. "Precisamos nos organizar melhor em relação às épocas de plantio e definir nossas estratégias com mais precisão, a fim de evitar os prejuízos que estão aumentando a cada ano", afirma.