23/12/2008 15:04:43
A falta de chuvas no Paraná não terá conseqüências apenas no bolso do produtor rural. A economia paranaense também vai sentir os efeitos da seca. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), os prejuízos provocados pela estiagem no estado devem chegar a R$ 1,5 bilhão. As lavouras mais prejudicadas foram as de feijão e milho, com quebras de 25,5% e 20% na produção, respectivamente. A soja, semeada mais tarde, sofreu menos, mas ainda assim teve seu potencial produtivo reduzido em 8,3%. Produtores de fumo, batata, arroz, cebola, amendoim e tomate também contabilizam prejuízos. Com isso, a safra paranaense de grãos de verão, que no início da temporada 2008/09 era estimada pelo Deral em 22,6 milhões de toneladas, pode não chegar a 19 milhões.
Para o feijão e o milho, as perdas são irreversíveis. No caso da soja, as áreas semeadas no inicio de outubro também sofreram danos permanentes, mas as lavouras plantadas em novembro ainda podem se recuperar caso volte a chover com regularidade.
A leguminosa sofreu com condições climáticas adversas desde o início da safra. A combinação de chuvas abaixo da média durante a implementação das lavouras, frio e umidade excessiva no começo do ciclo e estiagem na floração deve reduzir em 155,7 mil toneladas (25,5%) a produção paranaense de feijão das águas. Em termos monetários, isso equivale dizer que a economia local não poderá contar com R$ 260,8 milhões. A safra estadual, inicialmente calculada em 610,5 mil toneladas, deve cair a 454,8 mil toneladas, apenas 6% mais que na temporada 2007/08. As perdas foram generalizadas no estado e atingiram regiões produtoras importantes, como os Campos Gerais, onde a quebra chegou a 48%.
No milho, a quebra de 20% na safra de verão pode gerar uma perda de R$ 443,8 milhões para a economia paranaense. De acordo com o levantamento do Deral, a produção da primeira safra de milho deve cair de 12,23 milhões de toneladas para 11,21 milhões. São quase 2 milhões de toneladas perdidas, mais do que em 2005/06, no auge da crise da agricultura brasileira de grãos.
A soja, apesar do porcentual de quebra menor, deve registrar os maiores prejuízos financeiros. Com a frustração de 8,3% no potencial produtivo das lavouras, R$ 673,5 milhões deixarão de circular na economia paranaense. Mesmo que o clima volte a ficar favorável a partir de agora, 1 milhão de toneladas do grão já estão perdidas. “A preocupação é com o comportamento do clima ao longo do verão, principalmente no Oeste e Sudoeste do estado”, alerta afirmou o secretário Valter Bianchini. Segundo ele, os prognosticos climáticos de longo prazo indicam que essas regiões podem ter um verão menos úmido e mais quente que o normal, o que pode comprometer ainda mais o resultado da safra.
Noroeste sofre com a falta de chuvas
Campo Mourão - Dirceu Portugal, correspondente
A chuva do último fim de semana, após 33 dias de estiagem em Campo Mourão (Noroeste), não foi suficiente para tranqüilizar os agricultores. O agricultor Raphael Chamberlain esperava uma “supersafra” nos 27 hectares de milho que possui, mas a estiagem estragou seus planos. “Na temporada passada colhi 10,2 mil quilos de milho por hectare. Este ano, a média deve cair para 7,4 mil quilos”, diz. Há 35 dias, João Almeida de Barros também espera chuvas para salvar os 18 hectares de milho em sua propriedade. “Nos últimos dias o que tem caído do céu são chuvas extremamente fracas que pouco ajudam”, conta. Ele acredita que as perdas já ultrapassam os 40%.