27/1/2009 16:57:02
Agricultores abrem colheita no Paraná pelo Sudoeste com boa produção, mas estimativa média de perdas por causa da seca atinge 45% na região
As primeiras lavouras de milho que começam a ser colhidas no Paraná, na Região Sudoeste, estão apresentando resultados satisfatórios com os híbridos precoces, se comparados à situação das áreas fortemente prejudicas por conta da estiagem. A umidade no solo e as chuvas localizadas dos meses de outubro e novembro do ano passado foram fundamentais para que as variedades precoces de milho plantadas em final de agosto e início de setembro conseguissem concluir o clico de desenvolvimento e formação dos grãos.
Em algumas lavouras, como em Renascença, por exemplo, que decretou estado de emergência por causa da seca e teve um dos piores índices de perdas no milho relatadas pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) agricultores estão atingindo até 9,9 mil quilos por hectare. O volume contrasta com lavouras no mesmo município que tiveram perdas de até 100%. Os casos se repetem em alguns municípios como Pato Branco, Bom Sucesso do Sul, Coronel Vivida e Mangueirinha, entre outros, onde determinados híbridos e chuvas localizadas salvaram a lavoura.
Exceção
A antecipação do plantio na região, realizada com a finalidade de ganhar mais tempo para o milho safrinha, está ocasionando ganho dobrado para alguns produtores, como é o caso de Lucas Andreis, que possui áreas entre os municípios de Renascença e Bom Sucesso do Sul. As primeiras cargas retiradas na última semana mostram que a produção vai se manter entre 39.400 e 9.900 sacas por hectare, viabilizando renda e maior ‘janela’ para o plantio do feijão. “Plantei o híbrido entre os dias 28 de agosto e 5 de setembro com a finalidade de colher no início de janeiro. A falta de chuva fez com que o ciclo fosse prolongado por alguns dias, mas não tenho motivos para reclamar. Conforme colho o milho entra o trator com a plantadeira”, reforçou.
Proagro
A menos de 20 km dessa lavoura, na propriedade de Lisnei Venzon, a realidade é outra. O milho, que foi plantado no dia 9 de setembro, sofreu tanto com a estiagem que não conseguiu finalizar seu ciclo comprometendo a formação dos grãos. O híbrido precoce foi condenado pelos técnicos da instituição financeira onde o agricultor solicitou o custeio, obtendo o seguro do Proagro de 100%. “Além de perder toda a safra, não sei o que fazer agora. Uma pequena parte fiz silagem para o gado, mas não sei o que fazer com o resto. Se derrubar, complica o plantio da safrinha porque ainda está verde a planta. Ainda vou decidir o que pode ser feito”, comentou desolado.
De acordo com agrônomos e técnicos da unidade da Cooperativa Agroindustrial do Sudoeste (Coasul) em Renascença, a maioria das lavouras de milho está com sérios problemas. Nas pequenas propriedades estão as maiores perdas por falta de chuva e baixa tecnologia no cultivo.
Sudoeste tem uma das maiores quebras do estado
O levantamento realizado pelos agrônomos e técnicos do Departamento de Economia Rural na Região Sudoeste do Paraná, apresentado no último dia 13, aponta que a estiagem deve provocar uma redução de produtividade em torno de 45%. Esse número ganha ainda outros 6% de queda se comparado à safra passada por conta da redução de área, somando então 51%.
Os 27 municípios atendidos pelo núcleo da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab) na microrregião de Francisco Beltrão tiveram os piores relatórios, com muitas situações de perda de 100%. De acordo com o agrônomo do Deral Ricardo Kaspreski, a média de quebra na microrregião ficou em torno de 53%. Na microrregião de Pato Branco, o levantamento apontou 35% de redução na produtividade.
Com uma média regional de 45% de perdas, a previsão é de queda na colheita de aproximadamente 650 mil toneladas de milho. Se na safra 2007/08 a produção final atingiu 1.537.315 toneladas, com 6% a mais de área que esta safra, em 2009 o volume retirado das lavouras não deve ultrapassar 800 mil toneladas. (DS)
Fonte: Agrolink, 27 de janeiro