11/5/2009 08:13:48
O retorno da umidade vai permitir que os produtores retomem o plantio do trigo, que estava paralisado nos últimos dias por causa do clima seco, e tende a amenizar os prejuízos causados pela estiagem às lavouras de milho safrinha
O avanço de áreas de instabilidade sobre o Sul do país irá trazer chuva ao Paraná depois de quase dois meses de estiagem. “O produtor que perdeu as precipitações dos últimos dias pode ficar tranquilo que elas vão chegar”, garante Celso Oliveira, da Somar Meteorologia. Segundo o instituto, o interior do estado deve receber entre 40 mm (Sul) e 80 mm (Oeste) de chuva nos próximos 15 dias. O retorno da umidade vai permitir que os produtores retomem o plantio do trigo, que estava paralisado nos últimos dias por causa do clima seco, e tende a amenizar os prejuízos causados pela estiagem às lavouras de milho safrinha. “A quebra na segunda safra de milho está consolidada, não há como reverter. Mas como o clima fica mais úmido a partir de agora será possível estancar as perdas”, explica o meteorogista.
O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) estima que a estiagem tenha reduzido em 9% o potencial produtivo das lavouras. A safrinha paranaense de milho, que tinha potencial para 6,33 milhões de toneladas, vai render 5,78 milhões, em 1,5 milhão de hectares, segundo a Seab. A projeção de quebra considera dados colhidos pelos técnicos da secretaria há duas semanas e, por isso, pode ser revisada para cima nas próximas semanas, afirma a agrônoma do departamento Margorete Demarchi. Por enquanto, a estimativa do Deral, apesar de inferior às projeções iniciais, é 1% superior ao resultado do ano passado, quando o Paraná colheu 5,71 milhões de toneladas de milho na segunda safra.
Na avaliação de Oliveira, a volta das chuvas alivia o estresse das lavouras, mas não será suficiente para reverter o deficit hidrico do solo. Ele explica que o volume acumulado ao longo mês ainda será inferior à média histórica porque praticamente não choveu no estado durante a primeira quinzena de maio. Ao final do mês, estima o meteorologista, o desvio de chuva (precipitação abaixo da média)será de aproximadamente 25%, num total de 55 a 60 mm acumulados, contra 75 mm da média histórica “Ainda não dá para decretar o fim da estiagem no Paraná, mas dá para dizer que o pior já passou”, destaca, lembrando que em abril o desvio chegou a 50% algumas regiões do estado.
Em levantamento de fevereiro, a Expedição Safra RPC projetou uma área de 1,54 para o milho safrinha, para um pontencial produtivo de 6,75 milhões de toneladas. A previsão, tanto de área como de produção não deve se confirmar. A porcentual de quabra deve seguir o apontamento do Deral.
Clima
Triticultura ganha área
Se as chuvas previstas para a segunda quinzena de maio se confirmarem, a área de trigo pode crescer ainda mais no Paraná, admite Otmar Hubner, do Deral. Atualmente, a Seab projeta aumento de 2% no plantio do cereal, num total de 1,17 milhão de hectares cultivados. O Caminhos do Campo/Gazeta do Povo, já trabalha com uma área maior, de 1,26 milhão de hectares de trigo. No ano passado, o grão ocupou 1,15 milhão de hectares e rendeu ao estado uma safra recorde de 3,2 milhões de toneladas, 55% da produção nacional.
Até o início desta semana, menos de 300 mil hectares haviam sido semeados, o equivalente a 22% da área prevista. No ano anterior, nesta mesma época, esse índice era de 37%. Para Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, além de estimular o aumento da área plantada, o atraso no plantio por causa da estiagem pode melhorar o resultado da safra. Segundo ele, o cultivo tardio vai impedir que boa parte das lavouras paranaenses enfrentem ondas de frio durante a floração, período mais crítico de desenvolvimento das plantas. “Há males que vem para o bem”, diz. O meteorologista alerta o produtor para a ocorrência de geadas entre os dias 1° de maio e 15 de agosto. (LG)
Fonte: Gazeta do Povo, 7 de maio