Quebra de safra no sul do País deve elevar preços dos grãos
13/5/2009 09:05:49



São Paulo - O relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) indica uma redução de 11,4 milhões de toneladas no estoque mundial de milho na safra 2009/2010. No Brasil, a cultura também é a que mais sente os efeitos da estiagem que atinge a Região Sul.

No Paraná, a secretaria de Agricultura estima que a produção total de grãos no estado, da safra 2008/2009 (verão e inverno) deve apresentar uma quebra de 19%, sendo mais da metade em razão de perdas no milho e no feijão.

No Rio Grande do Sul, onde mais de 70% da safra de milho já foi colhida, o que se observa é uma diminuição da produtividade que, "em face de forte estiagem, apresenta rendimento muito baixo, inviabilizando sua utilização como grão, sendo destinadas à alimentação animal", avalia a Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater). Por outro lado, a associação rio-grandensse destaca que quanto à comercialização, o grão vem apresentando boa procura, com o preço médio refletindo o interesse, com pequenas elevações nas cotações semanais. Na última, a variação foi de 3,88%, cotado a R$ 17,92 a saca.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as cotações internas do milho seguem registrando pequenas, mas continuas altas. Em maio, o Indicador Esalq/BM&FBovespa do milho (região de Campinas-SP) subiu 1,04%, fechando ontem a R$ 22,27 a saca. "A redução de 10% das exportações em abril, acompanhada de queda do preço em dólar, não interrompeu a seqüência de valorização do milho no interior do País", afirma Lucílio Alves, pesquisador do Cepea.

O Rio Grande do Sul é, até agora, o mais atingido pela seca, com 219 municípios em situação de emergência. Ontem, o governo estadual decidiu perdoar a dívida no valor de R$ 2,6 milhões dos agricultores com a compra de sementes de milho para a safrinha. Além dessa medida, o governo concedeu 40% de rebate, da ordem de R$ 4 milhões, à aquisição das sementes da safra de milho.

Outras regiões do País já apontavam para perdas na safra. Os prejuízos da produção de grãos de Mato Grosso do Sul com a estiagem já somam R$ 461 milhões neste ano, considerando a soja, algodão e milho safrinha, segundo dados da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). A seca afetou 1,4 milhão dos 1,7 milhão de hectares plantados no Estado. No caso da safrinha de milho, a perda média é de 35%, o que equivale a R$ 299 milhões a menos.

Efeito EUA

O atraso do plantio de soja e milho nos Estados Unidos, reflexo de problemas climáticos, já está gerando especulações a respeito da área que será plantada com esses grãos naquele país. Até o dia 10 de maio, apenas 14% da área destinada a lavoura de soja estava plantada, contra 25% no mesmo período da safra passada. O plantio de milho também é considerado atrasado. Até a mesma data, 48% da área havia sido coberta, ante 71% na safra anterior.

O clima já tem efeito até mesmo sobre culturas alheias aos grãos. Os contratos futuros de suco de laranja, por exemplo, subiram para sua maior alta nos últimos sete meses, puxados por especulações de que a seca deverá reduzir a próxima safra de laranja da Flórida, o segundo maior produtor mundial depois do Brasil.

Boa parte da área central e sul da Flórida recebeu entre 25% e 50% do volume normal de chuvas este ano, segundo dados do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos. Os contratos futuros subiram 39% este ano com o agravamento da seca. "Se a seca continuar por mais dois meses antes de a Flórida entrar na estação de chuvas, pode ser que as estimativas da safra a ser colhida em outubro baixem" disse Jimmy Tintle, analista da Transworld Futures de Tampa, no Estado da Flórida à Bloomberg.

Argentina

A estiagem no país vizinho ao Brasil continua tendo efeitos significativos sobre os preços da soja na safra corrente. De acordo com a última projeção do USDA para a Argentina, o país deverá colher 34 milhões de toneladas de soja. No levantamento anterior o número apontado pelo órgão era de 39 milhões de toneladas.

Fonte: DCI, 13 de maio

 

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