Chuvas atrasam plantio no Brasil e colheita americana
6/11/2009 08:30:58



São Paulo - As chuvas estão atrasando a safra no Brasil e nos Estados Unidos, resultando em troca de cultura e aumento do custo de produção. No País, a Região Sul foi a principal afetada. O Paraná registra 77% da área de milho plantada, ante 90% no mesmo período do ano passado, segundo informações da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado (Seab). No caso da soja, o plantio avançou nessa safra 25%, inferior aos 40% plantados na mesma época do ano passado.

De acordo com Otimar Hubner, engenheiro agrônomo do departamento de Economia Rural da Seab, algumas lavouras sofreram erosão, mas com a trégua das chuvas na última semana, os produtores estão plantando a todo vapor e devem recuperar o tempo perdido. "Apesar do atraso, o milho não deve ter redução da produtividade. O problema no caso da soja, é que se atrasar o plantio atrapalha o plantio do milho safrinha", alerta Hubner.

No Rio Grande do Sul, o plantio do milho, que deveria ter acontecido em agosto, está se estendendo até agora e já é prevista uma redução de até 25% da área do grão. Segundo estimativas da Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), a área plantada na safra de verão 2009 deve ficar entre 980 mil hectares a a 1 milhão de hectares contra 1,38 milhão de hectares verificados no ano passado. "A redução é motivada principalmente pelo preço e pela dificuldade na comercialização da safra passada", observa Jorge Rodrigues, diretor da área de grãos da Farsul. "Como teve atraso no plantio do milho, muitos produtores buscaram substituí-lo pela soja cuja perspectiva é positiva", diz Rodrigues.

O diretor da área de grãos também destaca o início da colheita do trigo, que com a trégua das chuvas já avançou de 20% a 25% . "Esperamos que continue assim. Se permanecer o clima favorável é esperado uma safra de 1,6 milhão de toneladas de trigo de boa qualidade", afirma.

O tempo seco das últimas duas semanas também permitiu o avanço do plantio de arroz no Rio Grande do Sul. O plantio deve terminar em uma semana, dentro de um período considerado ideal. No mercado, os fundamentos seguem indicando preços mais altos, embora a tendência ainda não tenha se confirmado.

Enquanto as chuvas atrasam o andamento da safra na região Sul, o Mato Grosso é beneficiado por ela. O plantio da soja já avançou 51,1% na região, segundo o último boletim do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). No mesmo período do ano passado, a safra tinha avançado apenas 46%.

Na região, a chuva acabou antecipando o plantio e evitando perdas com a estiagem recente. "Algumas regiões do estado [parte do médio norte e oeste] acabaram de ter um período de estiagem de dez dias, o que acabou paralisando o plantio nessas regiões", diz Thiago Mattosinho, gerente técnico da Federação de Agricultura e Pecuário do Estado do Mato Grosso (Famato).

Estados Unidos

De acordo com Anamaria Gaudencio Martins, analista internacional do Imea e da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja/MT), a safra atual está sendo, sem dúvida, umas das mais difíceis para os norte-americanos com relação à colheita e é também a mais tardia dos últimos 30 anos. Chove bastante em parte de Illinois e Iowa, os dois maiores produtores de soja e milho dos Estados Unidos. "Os produtores americanos estão acostumados a colher a soja já bem seca, dispensando a utilização de secadores, mas este ano os relatos de umidade entre 15 e 20% estão sendo muito comuns. Há relatos também de regiões com índices em torno de 30%", avalia a analista. Com o índice nesse nível ou acima, os produtores gastam, em média, US$ 1,32 por saca só com a secagem.

Fonte: DCI, 3 de novembro