9/7/2010 08:59:08
O excesso de estoque no mercado doméstico aliado ao baixo desempenho das exportações deprimiu os preços do grão e reduziu de forma significativa o ritmo das compras.
Infelizmente, o Brasil não está participando do excelente momento pelo qual atravessa o mercado externo.
Preços acima da média histórica e demanda crescente tornam o mercado atrativo, principalmente para os EUA, que voltaram a aumentar a área cultivada com o cereal no ano-safra 2010/11 (período compreendido pela plantação, colheita e comercialização da safra).
Até o momento, nossas vendas externas estão decepcionantes. O Brasil exportou, de janeiro a maio, 2,01 milhões de toneladas, ou 57% menos em relação ao mesmo período do ano passado.
Para agravar um pouco mais a situação, a safrinha brasileira de milho (safra semeada após a colheita da soja e que tem seu desenvolvimento no inverno) promete ser cheia mesmo diante de problemas climáticos em Mato Grosso.
Ao que tudo indica, deveremos colher uma safrinha recorde, acima de 19 milhões de toneladas.
Com logística de transporte cara e taxa de câmbio desfavorável às vendas externas, o governo anunciou que apoiará a comercialização de 12 milhões de toneladas de milho, principalmente através da modalidade de Prêmio de Escoamento de Produto.
Caso os leilões de PEP obtenham sucesso, há possibilidades de que as exportações possam decolar daqui para a frente, com resultados concretos a partir do segundo semestre.
As vendas externas do milho nacional serão fundamentais para sustentar os preços do cereal em 2010 e assegurar os investimentos para a safra 2010/11.
Caso os sinais de melhora no mercado não se mostrem claros no momento de decisão dos investimentos, então deveremos observar mais um ano de queda na área cultivada com o grão.
Apesar de o cenário de preços para a soja também não se demonstrar favorável, a liquidez de comercialização e o fluxo de financiamento do setor privado para essa cultura tornam esse investimento mais seguro pela ótica do produtor rural.
Nesse ambiente, o milho perde importância em um mercado doméstico altamente dependente de seu sucesso. É bom lembrarmos que o Brasil tem o setor produtivo de carnes mais competitivo do mundo e que, claramente, está em plena expansão.
Nesse sentido, a produção de milho torna-se fundamental para manter o nível de competitividade das carnes brasileiras no mercado internacional.
Pelo caminhar dos acontecimentos, poderemos ter redução de oferta no próximo ano, caso tenhamos nova queda de área e caso os leilões do governo surtam efeitos no curto prazo. Pela falta de estímulo à produção de milho, corremos o risco de, em algum momento futuro, a posição se inverter e o governo, então, terá de adotar medidas para garantir a oferta de milho ao setor produtivo de carnes.
LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro agrônomo, mestre em economia e consultor em agronegócio.
Fonte: Folha de São Paulo
Guilherme Viana (MTb/MG 06566 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo
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