Governos estadual e federal resgatam competitividade do milho baiano
30/7/2010 09:20:42



Representantes da Secretaria Estadual da Agricultura, de produtores da região Oeste da Bahia e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) se reuniram, nesta terça-feira (27), em busca de soluções para a comercialização da produção de milho, que vem sofrendo desvantagens em relação ao subsídio fornecido à região Centro-Oeste do país.

Após gestões do governo do estado, a Conab reduziu o prêmio de escoamento de produto (PEP) do Mato Grosso para R$ 3,54 (mercado interno) e R$ 6,84 (mercado externo). A redução da subvenção garante à Bahia um subsídio mais equilibrado, além de valorizar uma política de manutenção dos preços mínimos, em função da intervenção da participação da entrada do milho do Centro-Oeste no estado.

Com 90% dos pleitos atendidos pela diretoria da Conab, o secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), Eduardo Salles, ressaltou que o momento é histórico, já que a participação da Conab e o entendimento das questões representa uma diminuição das distorções existentes entre os prêmios para o Mato Grosso e para a Bahia. Desta forma, o escoamento da produção de milho do estado deve se acelerar.

Outras questões, como investimentos, exportações e mudanças técnicas sobre avisos e editais dos planos de escoamento foram debatidas na reunião, que aconteceu na Câmara Setorial dos Grãos, na sede da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), em Salvador.

Com essas medidas, o governo baiano acredita solucionar a estocagem de mais de 50% da produção. Este ano, a Bahia produziu 1,8 milhão de toneladas de grãos. Responsável por 80% da produção, o oeste baiano reivindica a elaboração de um planejamento estratégico. Pensando nisso, foram criadas as 20 câmaras setoriais, organizadas para estruturar a agropecuária baiana para os próximos 20 anos, além de dedicar atenção a questões imediatas.

Crescimento da área cultivada

“Após essa decisão, a tendência é que se aumente a área plantada de milho. Dentro da matriz produtiva, o milho da Bahia ocupa o menor índice a nível nacional, com apenas 9%. O milho é fundamental para a rotação das culturas de soja e de algodão da região oeste da Bahia”, explica o secretário da Agricultura.

Salles lembra ainda que a Fundação Getúlio Vargas está realizando o “Estudo de Agregação de Valores aos Produtos da Agropecuária Baiana Através da Verticalização”, instrumento que vai balizar a atração de investidores para a industrialização das cadeias do milho, da soja e do algodão do oeste e do sudeste. “Vimos outras soluções, em relação à questão das exportações. Temos uma sinalização para liberarmos o estoque de passagem entre 400 e 500 mil toneladas/ano”, destacou o secretário, que diz acreditar que com a vinda da ferrovia Oeste-Leste e do Porto Sul, o estado dinamize sua produção, tornando-os competitivos.

“A política de subvenção para manutenção dos preços mínimos vinha favorecendo apenas o Mato Grosso, ocasionando uma redução dos preços do milho. A nível nacional, o milho ocupa 22% da área cultivada, sendo que a Bahia ocupa a menor área. Esse desvio padrão é uma conseqüência das políticas, que beneficia o milho do centro-oeste, que é de safrinha. Então, muitas vezes a produção passa pelas BRs da Bahia com um auxílio maior do que o produto baiano”, declarou o secretário geral da Câmara dos Grãos e vice-presidente da Associação dos Irrigantes e Agricultores da Bahia, Sérgio Pitt.

Demandas atendidas

De acordo com diretor de Política Agrícola da Conab, Silvio Porto, praticamente todas as demandas encaminhadas pela Câmara Setorial dos Grãos e entregues ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, foram atendidas. O documento solicitava medidas de longo prazo, como linhas especiais de financiamento com juros subsidiados para investimentos em armazenagem, e a curto prazo como a limitação de leilões dando-se preferência ao escoamento do milho da Bahia para o Norte e Nordeste, estratégia que economizará recursos na subvenção do governo, entre outras.

“Nós fizemos ajustes em relação ao tamanho do prêmio, equilibrando melhor o valor do subsídio da Bahia, comparado ao do Mato Grosso, principalmente Goiás, o que agora viabiliza de forma mais competitiva que o produto baiano saia para atender os estados de Pernambuco e Ceará, que possuem mais demandas, em função da avicultura”, informou Silvio Porto.

Para a superintendente da Conab Bahia-Sergipe, Rose Pondé, as solicitações contempladas têm impacto na melhoria do processo de comercialização pelos produtores da região de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. “Ou seja, essa região do Oeste baiano que tem uma produção forte de milho”.

Exportação

A Câmara Setorial de Grãos também está trabalhando para acelerar o processo para exportar milho para a China, ampliando os canais abertos no mês de maio deste ano, durante a realização da Missão da Agropecuária Baiana à República Popular da China. “Abrimos um escritório permanente de negócios em Pequim, e vamos promover entre outros produtos a exportação de grãos, além de trazer investidores chineses para verticalizar as cadeias produtivas”, disse o secretário Eduardo Salles.

Fonte: Sérgio Jones / Jornal Feira Hoje


Guilherme Viana (MTb/MG 06566 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo
Tel.: (31) 3027-1223
gfviana@cnpms.embrapa.br

 

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