3/3/2011 17:02:54
Mesmo com a proximidade do fim da colheita brasileira da primeira safra de milho, os preços do grão devem seguir elevados nos próximos meses, dada a demanda mundial aquecida e as incertezas sobre o plantio da safrinha. Segundo analista do setor os preços não devem ter quedas abaixo dos R$ 29 por saca de 60 quilos.
A colheita da primeira safra de milho está chegando ao fim. Apesar do clima ter atrapalhado algumas regiões brasileiras, como Minas Gerais e o Rio Grande do Sul, o resultado deve ficar próximo à estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 32,8 milhões de toneladas.
Segundo José Negreiros, subgerente da área de avaliação de safras da entidade, apenas algumas regiões ainda estão colhendo, e nos próximos dias o volume de colheitas será conhecido. "Pelo que observamos, as colheitas foram todas concluídas, exceto alguns atrasos em regiões que sofreram com o excesso de chuvas, mas isso foi um atraso pontual, nada que traga preocupações. A primeira safra aconteceu tranquila sem grandes problemas. Estimamos uma produtividade de 4.268 quilos por hectare, que representa uma queda de apenas 3,3% ante a safra anterior", disse.
Negreiros contou que dois fatores influíram diretamente na redução de produção de milho, o clima, e o preço elevado da soja e do algodão. Para ele, essa queda não preocupa, entretanto o plantio da safrinha que já está bastante atrasado trás incertezas ao setor. "A nossa expectativa é em relação à segunda safra, que começou o plantio agora. Essas chuvas mais intensas atrapalharam um pouco a colheita da soja, atrasando o plantio do milho safrinha. Os preços devem ficar estáveis agora", afirmou.
O analista Rafael Ribeiro, da Scot Consultoria, também aposta em estabilidade de preços até o começo da colheita da safrinha de milho. "O preço do milho vem em alta desde agosto do ano passado. E parece que o grão encontrou um bom patamar para se sustentar", ponderou.
Neste mês o preço médio do milho está em R$ 31,7 a saca de 60 quilos, alta de 4,62% ante o mês anterior, quando a média registrada foi de R$ 30,3 a saca, segundo dados da Conab. Quando comparado a média de fevereiro de 2010, os preços vistos neste mês estão 73% mais altos. Ribeiro acredita que os preços do grão possam ultrapassar a marca de R$ 35 por saca, entretanto isso não deve acontecer antes de maio. "A partir de maio já podemos ter altas nos preços, dada a demanda que seguirá firme, e a redução de área do milho safrinha. Acredito que o mercado tenha potencial para chegar a R$ 35 a saca este ano, mas isso não será agora."
O analista também se mostrou preocupado em relação à safrinha, uma vez que a colheita de soja segue atrasada. "A preocupação ainda fica por conta da safrinha. Com o plantio e colheita da soja atrasados, o produtor que pretende fazer a safrinha de milho pode reduzir a área de plantio para evitar que problemas climáticos tragam prejuízos. Além disso o algodão está pagando melhor, e o agricultor deve investir nisso", garantiu.
Por fim, Ribeiro aposta que os produtores de bovinos, suínos e aves terão custos mais altos por conta dos grãos, mas se ficarem atentos, podem aproveitar os raros momentos de oscilação dos grãos para fazer estoque, e pagar mais barato. Já o consumidor deve mesmo arcar com preços mais altos em sua alimentação. "O produtor que ficar atento nas oscilações de preços dos grãos para fazer suas compras, pode ser recompensado, com preços melhores", finalizou ele.
Fonte: DCI (Diário do Comércio e Indústria)
Guilherme Viana (MTb/MG 06566 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo
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