17/06/2011 16:15:38
O volume de chuva - média de 11 e até 25 mm em algumas regiões-, se comparado ao período de estiagem pode ser considerado pouco. Mas segundo o engenheiro agrônomo da Coamo, Marcilio Yoshio Saiki, será suficiente para o fechamento do ciclo do milho, por exemplo.
Saiki explica que nesta época, o fato de as temperaturas serem mais amenas e o dia mais curto, a perda de água por evaporação é menor. “Como o trigo não é muito exigente de água a lavoura se desenvolve bem”, diz. Já para em relação ao milho, o engenheiro agrônomo diz que pelo menos por um período de 15 a 20 a cultura suportará bem o clima. “Pela fase em que o milho está hoje consegue fechar o ciclo. É claro que é interessante que houvesse mais uma chuva daqui uns 10 ou 15 dias”, ressalta.
Em Campo Mourão e região, vários produtores tiveram prejuízos devido a estiagem. No entanto só será possível colocá-los na ponta da caneta após o término da colheita. A lavoura que mais sentiu a falta de água foi a do milho safrinha, com uma área de plantio de 265 mil hectares.
Segundo o Sistema Metereológico do Paraná (Simepar), a última chuva significativa na região havia sido registrada no dia 15 de abril, ou seja, há mais de 50 dias. Nesse dia, choveu 35 milímetros. Durante o mês de maio, foram registrados apenas 2 milímetros, quantidade praticamente insignificante para a agricultura.
De um modo geral, segundo o Simepar, a média de chuva registrada ontem na região foi em torno de 11 milímetros. Porém, em algumas regiões, como Campina da Lagoa, por exemplo, chegou a chover até 25 mm. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) com estação em Campo Mourão, registrou 5,5 mm no município.
De acordo com o chefe do Núcleo Regional da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Campo Mourão, Edson Battilani, a chuva, apesar de pouca, chegou em boa hora para a agricultura. Battilani lembra que o milho e trigo são as lavouras que mais vinham sofrendo com a estiagem. Ele frisa que a seca estava atrasando o plantio de trigo - que atingiu em torno de 90%-, e prejudicando as lavouras já em fase vegetativa. “Muitos agricultores esperavam esta chuva para terminar o plantio da cultura”, ressalta.
Na região de Campo Mourão, a produção estimada pela Seab, antes da estiagem, era de 1,06 milhão de toneladas de milho e 245 mil de trigo. Battilani enfatiza que ainda não foi feito um levantamento de perdas em decorrência da seca.
Produtores rurais aliviados
O produtor rural, Milton Carlos Munhoz, de Campina do Amoral, é um dos que comemoram a volta da chuva. “A chuva veio abençoada. O período de seca já nos preocupava muito”, destaca. Segundo ele, o milho safrinha e o trigo que estava em fase de germinação foram as culturas mais prejudicadas.
Munhoz lembra que o gado também já começava a sentir os efeitos da estiagem. “Não existiam mais pastagens. E o gado que dependia da aveia, também sentiu, já que a cultura ficou comprometida”, explica. O produtor frisa que até a manhã de ontem, havia chovido pelo menos 10 milímetros em sua propriedade.
Para Munhoz, que plantou 29 alqueires de milho - a cultura está em fase de pendoamento-, e outros 108 de trigo, com uma parte já cacheando e outra ainda germinando, a chuva chegou em um momento decisivo para a produção. “Hoje vou colocar a cabeça no travesseiro e dormir aliviado”, agradece.
Quem também está tirou um peso das costas é o produtor Gabriel Jort. Porém segundo ele, a chuva vai beneficiar mais o trigo. Jort explica que o milho pode até ter uma melhora na fase final do ciclo, mas em termos de produtividade dificilmente irá reverter a atual situação. “Para trigo e aveia foi essencial, foi a salvação da lavoura. Já o milho pode apenas ter uma melhora na qualidade. Mas só vamos descobrir isso após a colheita”, explica.
O produtor frisa que a chuva possibilitará o término do plantio do trigo e a germinação das culturas plantadas em solo seco. A preocupação agora, segundo ele, é com a queda de temperatura e formação de geadas. “A chuva veio em ótima hora. É o que estava previsto. O campo estava muito apreensivo com a falta de água.”
Fonte: Tribuna do Interior
Guilherme Viana (MTb / MG 06566 JP)
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo
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