23/8/2005 09:05:55
Na terça-feira, 23 de agosto, a Embrapa entrega sementes de milho para mais um povo indígena. Dessa vez, os beneficiados são os maxacalis, que habitam a região do Vale do Mucuri mineiro, na divisa com o estado da Bahia. As aldeias de Pradinho (município de Bertópolis) e Água Boa (município de Santa Helena de Minas) serão os locais da entrega, que tem à frente os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Ramiro Vilela de Andrade e Flavia França Teixeira.
A Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, vem resgatando cultivares de milho indígena para povos que, com o tempo, perderam sua variedades. Os krahós, os xavantes e os bororos já foram beneficiados por esse trabalho. Através desse resgate, a Embrapa demonstra sua preocupação de integrar grupos que normalmente estariam à margem do progresso científico.
As sementes a serem entregues aos maxacalis são do milho manchetado. Ao todo, cerca de 370 kg serão disponibilizados aos indígenas. O trabalho com os maxacalis começou há dois anos, quando houve uma visita e reuniões em que foram discutidas formas de dar melhores condições de vida a esse povo. Entre as instituições participantes das discussões, estava a Embrapa, que já vinha trabalhando com o resgate de variedades de milho para povos indígenas.
O milho manchetado, que tem uma produtividade muito boa, não é exatamente a variedade típica dos maxacalis, mas se adaptou bem à região onde ele vivem. A Embrapa enviou anteriormente algumas espigas às aldeias e, segundo a Funai, a receptividade foi muito boa. Os índios menores não conheciam o milho, já que há muitos anos essa cultura deixou de ser cultivada na região. A multiplicação das sementes do milho manchetado foi feita no campo experimental da Embrapa Milho e Sorgo em Nova Porteirinha, norte de Minas, que tem condições de solo e clima muito parecidas com as da região dos maxacalis.
Para o pesquisador Ramiro, o trabalho com os indígenas vale a pena. Segundo ele, há previsão de resgatar outras variedades. Os índios macurapes, pataxós e caingangues são alguns que devem se beneficiar desse trabalho da Embrapa, que tem forte cunho social. Uma demonstração de que esse trabalho tem tido sucesso é que os xavantes, que receberam há dois anos sementes do Nodzob, estão plantando o milho e interessados na preservação dessa variedade típica.
O resgate de variedades de milho indígena é um trabalho que começa no BAG (Banco Ativo de Germoplasma) da Embrapa. É feita uma consulta entre os milhares de acessos existentes no banco e, caso exista a cultivar procurada, ela á reproduzida em campo. É também a partir do BAG que se iniciam as pesquisas com melhoramento genético na Embrapa Milho e Sorgo.
Clenio Araujo (MG 06.279 JP)
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo
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