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Biocombustível renovado, cujo principal elemento é a biomassa, que se caracteriza como um produto agrícola biodegradável e não tóxico: esse foi o conceito de biodiesel apresentado por Feliciano Nogueira de Oliveira, gerente do Departamento Técnico da Emater-MG durante palestra no XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo, que termina nesta quinta-feira em Belo Horizonte-MG. Entre as possíveis fontes de geração do biodiesel, estão o óleo residual de fritura e a gordura animal.
Feliciano afirmou que o biodiesel pode ser considerado um combustível social por duas razões. Uma delas refere-se ao bem-estar social, por meio da melhoria da qualidade do ar atmosférico. Segundo ele, o uso desse tipo de combustível pode reduzir em até 78% as emissões líquidas de gás carbônico e em até 20% as emissões de enxofre, gases que contribuem com o efeito estufa. Além disso, a produção de biodiesel é uma oportunidade de inclusão social, em especial de agricultores que trabalham em empreendimentos familiares. Hoje, no país, mais de 85% dos estabelecimentos rurais têm estrutura familiar; em Minas, esse número é de mais de 77%. Mesmo com as diferentes concepções do que é agricultura familiar, os índices demonstram que a produção de biodiesel é uma grande oportunidade de maior inserção social dos trabalhadores desse sistema.
Outro aspecto abordado por Feliciano foi em relação à demanda de biodiesel no Brasil. No ano passado, segundo ele, a demanda foi de cerca de 800.000 metros cúbicos. As projeções dão conta de que, em 2008, esse número será maior que 2.200.000 metros cúbicos. E o biodiesel já vem dando resultados. A estimativa oficial do governo é de que, até o final deste ano, 100.000 famílias de agricultores familiares terão suas rendas complementadas com o cultivo de oleaginosas para a produção de biodiesel. Para o próximo ano, a estimativa é de que cerca de 250.000 famílias estejam envolvidas.
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, da Câmara Setorial de Açúcar e Álcool, órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, afirmou que "temos que vencer o jogo da substituição da energia fóssil. É uma pesada disputa de poder". Segundo ele, entre 1974 e 2002 os preços reais dos produtos agrícolas caíram, em média, 2% ao ano. Mas Luiz Carlos lembrou que, no século XX, a área plantada no mundo dobrou, ao mesmo tempo em que a produção ficou quatro vezes maior. A eficiência da produção agrícola aliada às maiores produtividades das diferentes cultivares são fatores que contribuíram para essa situação.
Com a diversificação da produção agrícola, novos mercados que surgem, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, o uso da agricultura tanto para a produção de alimentos como de energia, cria-se um ciclo, na visão de Luiz Carlos, mais positivo que o histórico, marcado por baixos preços e inconstâncias na produção agrícola. Outro aspecto abordado foi com relação à necessária "descarbonização", com a diminuição de combustíveis de origem fóssil e não-renováveis. Nesse sentido, Luiz Carlos diz que estamos caminhando para uma "civilização do hidrogênio", elemento reconhecidamente mais limpo do ponto de vista ambiental, além de renovável. A substituição do uso de combustíveis fósseis por outros, no entanto, envolve complexas questões políticas internacionais que têm que ser discutidas.
INVESTIMENTO - Foi anunciada, na manhã do dia 30 de agosto, em Brasília-DF, que o governo brasileiro investirá mais de R$ 350 milhões entre 2006 e 2008 em pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis. O valor inclui recursos a serem utilizados pelos ministérios de Minas e Energia e de Ciência e Tecnologia, além da Embrapa e da Petrobras. Existe a expectativa de que o Brasil, com o biodiesel, economize cerca de U$ 160 milhões por ano com a redução das importações de diesel mineral.
Evento: XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo
Local: GranDarrell Hotel (Rua Espírito Santo, 901, Centro, Belo Horizonte-MG)
Data: segunda-feira (28/8) a quinta-feira (31/8)
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG): www.cnpms.embrapa.br
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