04/09/06 11:22:14
A situação atual do zoneamento de riscos climáticos em todo o país, as opções de crédito agrícola e a política governamental para o setor agropecuário foram abordadas durante mesa redonda no último dia do XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo. O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Luiz Marcelo Aguiar Sans contou como o antigo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), instituído na década de 70 no país, foi reformulado e acabou ajudando a criar o zoneamento de riscos climáticos para a agricultura.
Envolvendo vários órgãos ligados ao governo, como a Embrapa, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o zoneamento tem se preocupado agora em inserir informações ligadas a sistemas como o plantio direto e a integração lavoura-pecuária. Luiz Marcelo lembrou que o respeito às recomendações feitas pelo zoneamento é requisito para que os agricultores tenham acesso ao crédito agrícola. Ao mesmo tempo, reconhece que "ainda há muita coisa para se fazer. Estamos, por exemplo, realizando o zoneamento para pragas e doenças em milho". Para o pesquisador, o programa não deve ser julgado pelo seu ineditismo e sim pela redução de riscos climáticos que proporciona, beneficiando, dessa forma, a sociedade brasileira ao diminuir as perdas com safras agrícolas.
O gerente de agronegócios do Banco do Brasil em Minas Gerais, Carlos Geovane Rodrigues Queiroz, afirmou que o banco, que é o maior financiador de crédito agrícola no país, aumentou o volume emprestado na última safra em relação à anterior. Segundo os números mostrados por ele, a expansão foi de R$ 1,6 bilhão em 2004/2005 para mais de R$ 3,5 bilhões na última safra. O total financiado corresponde a 13% do volume em todo o país. E a previsão, de acordo com Carlos, é que para a próxima safra sejam disponibilizados mais de R$ 4 bilhões em créditos rurais no estado.
CRÍTICAS - Gilman Viana Rodrigues, da Comissão Nacional de Comércio Exterior, criticou o governo pela situação por que passam hoje no país tanto a pesquisa agropecuária como a extensão rural. Além da limitação de recursos financeiros, ele questionou problemas crônicos que afetam o setor, como a burocracia estatal, uma política agrícola em sua visão inadequada e a infra-estrutura e a logística deficientes. Segundo Gilman, por causa das condições de escoamento da produção, hoje demora-se três vezes mais o tempo que se gastava há seis anos para se fazer o mesmo serviço. Ele defendeu ainda, para instituições ligadas à agropecuária, um orçamento condizente com o ritmo de crescimento do setor no país. E lembrou que "não tendo crescimento econômico, a capacidade de consumo das pessoas não aumenta".
BALANÇO - O presidente do XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Décio Karam, faz um balanço positivo do evento. Segundo ele, o congresso recebeu vários elogios, tanto pela parte técnica como pela forma que aconteceram as confraternizações, que quebraram a seriedade das discussões no final de cada dia. Aproximadamente 700 pessoas participaram do congresso e houve a apresentação de cerca de 500 trabalhos técnico-científicos em diferentes áreas ligadas às duas culturas.
Décio cita a realização de duas importantes reuniões paralelas ao evento, no local do congresso: uma da Câmara Setorial de Milho e Sorgo, órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e outra com os secretários estaduais de Meio Ambiente e Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais. Nessa última, foi discutida a formatação de um programa para expansão do sistema de integração lavoura-pecuária no estado. O próximo congresso de milho e sorgo será realizado em 2008 em Londrina-PR.
Evento: XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo
Local: GranDarrell Hotel (Rua Espírito Santo, 901, Centro, Belo Horizonte-MG)
Data: segunda-feira (28/8) a quinta-feira (31/8)
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG): www.cnpms.embrapa.br
Área de Comunicação Empresarial (ACE)
Jornalistas: Guilherme Viana e Clenio Araujo
Contatos.: (31) 9733-4373 / (31) 9974-3282 / gfviana@cnpms.embrapa.br / clenio@cnpms.embrapa.br