15/09/06 15:41:12
A Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) possui tecnologia sobre a multiplicação e o uso de 17 espécies que controlam diferentes pragas na cultura do milho, sobretudo a lagarta-do-cartucho, a que mais traz prejuízos ao produtor rural brasileiro. Os trabalhos envolvem parasitóides que agem especificamente sobre os causadores de pragas como as lagartas do cartucho e da espiga e o pulgão do milho. Os chamados inimigos naturais praticam o controle biológico e são uma alternativa ao uso, às vezes indiscriminado e exagerado, de agrotóxicos nas lavouras brasileiras de milho.
O Laboratório de Criação de Insetos (Lacri) trabalha no monitoramento da ocorrência de pragas nas diferentes regiões do país. Identificados os potenciais inimigos naturais, eles são criados e reproduzidos em condições de laboratório para, depois, serem testados no campo. Os que obtêm sucesso, como os já conhecidos Trichogramma e Telenomus, passam a figurar entre os agentes de controle biológico, tecnologia que tem forte apelo ambiental e já é usada em algumas propriedades rurais.
O pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, afirma que é necessário, agora, colocar essa tecnologia no mercado e à disposição de mais produtores: "o que precisa é incubar empresas", sugere. Nesse sentido, ele se diz favorável à criação de biofábricas regionais, pequenas empresas que produziriam e comercializariam inimigos naturais em cidades próximas. Atualmente, estão em funcionamento duas biofábricas em Minas Gerais, nos municípios de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e Pará de Minas, no Centro-Oeste do estado.
Ivan salienta que ainda faltam estudos sobre o custo de produção de quase todos os inimigos naturais. No caso do Trichogramma, esse trabalho já foi feito. O pesquisador acredita que é possível, em grande parte, substituir o uso de agrotóxicos utilizando tecnologias como o controle biológico. "O grande problema é o balanço entre os inimigos e o uso de agrotóxicos", explica, se referindo a um equilíbrio que deve existir no manejo das pragas, que nada mais é do que saber o quanto de dano causado por ela pode ser tolerado pela lavoura.
Estão sendo elaborados projetos, tanto na área de pesquisa como em transferência de tecnologia, para aprimorar e repassar o conhecimento em controle biológico de pragas em milho. O acompanhamento da evolução das pragas é importante. A incidência de pulgão nas últimas safras e o aparecimento de populações resistentes a determinados produtos químicos, por exemplo, demonstram que é preciso ficar atento ao que acontece nas lavouras de milho no país.
Clenio Araujo
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo
Contatos: clenio@cnpms.embrapa.br / (31) 3779-1172 / (31) 9974-3282