26/4/2007 10:17:32
Parte do território brasileiro deve sofrer com a seca e com a queda de até 45% no índice médio de chuvas até o próximo mês de julho. Segundo Williams Ferreira, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), "atualmente está havendo uma redução na temperatura na região do Oceano Pacífico tropical e ocorrerá uma rápida condição neutra de El Niño seguida de uma condição de La Niña, possivelmente fraca, entre maio e julho".
O regime atual de chuvas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste é causado pela variação na temperatura do Pacífico tropical e sofre a influência de sistemas como frentes frias e a ITCZ (sigla em inglês para Zona de Convergência Intertropical, que pode ser definida como uma espécie de cinturão de nuvens próximo à zona equatorial). A partir de maio, de acordo com o pesquisador, frentes frias começam a alcançar, gradualmente, o Sul e o Sudeste do país.
MÊS A MÊS
A previsão para o mês de maio é de ocorrência de seca nos municípios que ficam na área que se estende de Montes Claros-MG até Santana-BA e de Posse-GO até Alto Parnaíba-MA. Na região entre os municípios mineiros de Lagoa Formosa e Unaí e entre Posse e Anápolis, em Goiás, é esperada redução de até 45% na quantidade de chuva. Nesse mês, aproximadamente 3,5% de todo o território nacional deve passar por um período de seca e 2,5% devem ter, em média, 45% de chuva abaixo da normal para a época. Somando-se os dois índices, cerca de 6% do território nacional terá afetado o comprometimento da água disponível através de chuvas.
Em junho, a área atingida deverá ser maior, se estendendo aos municípios de Cana Brava do Norte e Cocalinho, ambos no Mato Grosso, e chegando à área entre as cidades de Aliança e Bom Jesus do Tocantins, ambas no estado do Tocantins. Outra região afetada deverá ser a compreendida entre Balsas, Grajaú, ambas no Maranhão, e Dom Inocêncio-PI. O índice total de área comprometida no mês aumentará para 15% (sendo que 10% do país deve passar por um período de seca e 5% deve apresentar índice de chuvas 45% menor que o normal para junho).
Para o mês seguinte, julho, a previsão observada pelo pesquisador da Embrapa é de que as áreas com seca se concentrarão entre Montes Claros e Santana. Além dessa região, o Maranhão (próximo a Alto Parnaíba) e o Piauí (na região entre Canto do Buriti, Cristiano Castro e Patos) devem ser afetados. Cerca de 4,5% do território nacional deverá sofrer com a seca. Já as áreas no país com 45% menos chuva que o normal para julho devem somar 18%, o que totalizaria 22,5% do território nacional afetado pelo comprometimento da água disponível através de chuvas.
Williams lembra que a concretização das previsões depende, entre outros fatores, do comportamento da temperatura do Oceano Pacífico, que varia consideravelmente. Por isso, explica, as previsões têm que ser refeitas mensalmente, levando-se em consideração o que efetivamente aconteceu nas semanas anteriores. É necessário que se reveja uma previsão para julho, por exemplo, daqui a um mês devido a fatores climáticos diversos que estão em constante interação.
Clenio Araujo
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo
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