25/5/2007 08:51:17
Parte do território brasileiro continuará sofrendo com a seca e com a queda de até 35% no índice médio de chuvas nos próximos três meses (junho, julho e agosto). Já as temperaturas em algumas regiões deverão ficar entre 30% e 35% acima da média histórica do período. De acordo com Williams Ferreira, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), "continua havendo redução da temperatura no Leste do Oceano Pacífico tropical, junto à costa peruana, com grandes possibilidades de ocorrência do fenômeno La Niña, possivelmente fraca, entre junho e agosto".
Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, o regime de chuvas passa a sofrer influência de frentes frias que normalmente são precedidas de tempestades. As baixas temperaturas previstas para junho intensificam o risco de ocorrência de geadas, sobretudo nos vales das regiões montanhosas. Para os três próximos meses, espera-se que as temperaturas na superfície do mar no Leste do Oceano Pacífico tropical cheguem a registrar índices ente 1°C e 1,5°C negativo, o que, segundo Williams, pode ser considerado uma anomalia de temperatura.
MÊS A MÊS
Para o mês de junho, a previsão é de seca nos municípios que ficam na área que se estende de Montes Claros-MG até Santana-BA e de Posse-GO até Alto Parnaíba-MA; de Cana Brava do Norte e Cocalinho, ambas no Mato Grosso, e chegando à área entre as cidades de Aliança e Bom Jesus do Tocantins, ambas no Tocantins. Outra região afetada deverá ser a compreendida entre Balsas e Grajaú, ambas no Maranhão, e Dom Inocêncio-PI. As regiões afetadas em todo o país somam aproximadamente 11% do território nacional.
Em algumas regiões de Minas Gerais, pode chover até 35% menos em relação à média histórica do mês. No Sul do estado, os valores não deverão ultrapassar 50mm e, no Triângulo e na Zona da Mata mineiros, os valores deverão ser no máximo de 20mm em junho.
Já em relação à temperatura, os valores em junho deverão estar acima do normal até 30 a 35% para os municípios próximos a uma faixa que vai de Criciúma-SC a Santa Rita do Novo Destino-GO e de Itaruma-GO a Resplendor-MG.
Quanto a julho, as previsões de Williams é de que menor parte do Brasil (4,5% do território) sofrerá com a seca. E as áreas mais afetadas estão concentradas entre Montes Claros e Santana e nos estados do Maranhão (próximo a Alto Parnaíba) e do Piauí (na região entre Canto do Buriti, Cristiano Castro e Patos). Ao contrário, deverá acontecer aumento no índice de chuvas de até 35% nas regiões do Rio Grande do Sul próximas a Bagé e Cristal, no Sudoeste do estado, e a Antônio Prado, no Nordeste gaúcho.
A temperatura em julho deverá ser até 30% acima da média histórica na região compreendida entre Cerro Azul-PR, Itapemirim-ES e Prata-MG.
Já no mês de agosto, a área afetada com seca deverá ser ainda menor: 3,6% de todo o país, segundo o pesquisador da Embrapa. A ocorrência maior será no Nordeste brasileiro, compreendendo uma faixa que vai de São João da Fronteira-PI, passa por Caucaia e Icó, ambas no Ceará, e chega a Casa Nova-BA. No Sul brasileiro, as chuvas aumentarão, além da região gaúcha citada para julho, na região de Gravatal-SC.
Williams lembra que a concretização das previsões depende, entre outros fatores, do comportamento da temperatura do Oceano Pacífico, que varia consideravelmente. Por isso, explica, as previsões têm que ser refeitas mensalmente, levando-se em consideração o que efetivamente aconteceu nas semanas anteriores. É necessário que se reveja uma previsão para agosto, por exemplo, daqui a um mês devido a fatores climáticos diversos que estão em constante interação.
Clenio Araujo
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo
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