O inverno começou no último dia 21 de junho. E reserva para os próximos meses redução no volume de chuvas em aproximadamente 70% do território brasileiro. De acordo com Williams Ferreira, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), "embora as atuais anomalias da temperatura da superfície do mar não possam ainda ser caracterizadas como condições de La Niña, esse fenômeno continua sendo esperado nos próximos meses, com grande chance de se caracterizar em agosto". Ainda segundo o pesquisador, existe a probabilidade entre 45% e 50% de que, durante o mês de julho, ocorram temperaturas acima da média do período em grande parte da Amazônia Legal e das regiões Sul e Sudeste do Brasil.

MÊS A MÊS

Julho - Para julho, há 40% de chance de ocorrerem chuvas abaixo da média normal do período em uma grande área limitada por uma faixa que parte do litoral brasileiro na altura de Avaré-SP e, a partir desse município, se estende em direção ao Noroeste brasileiro, passando por Araçatuba-SP e Cáceres-MT até alcançar Ministro Andreazza-RO. A partir daí, essa faixa se estende até o extremo Norte do litoral brasileiro.

Em outra área, menor, formada entre o litoral e os municípios de Santa Quitéria-CE, passando por Coroatá-MA e chegando até Concórdia do Pará-PA, as chances de redução no volume de chuvas nesse mês são de até 45%. É esperada a ocorrência de seca para uma área compreendida entre os municípios de Virgem da Lapa e Montes Claros, ambos em Minas Gerais, se estendendo em direção ao Norte até Barreiras e Milagre, ambos na Bahia.

Outra porção em que é esperada a ocorrência de seca fica localizada entre Barreiras e Silvanópolis-TO, estendendo-se novamente em direção ao Norte até Palmas-TO e Barreiras do Piauí-PI. A última área com seca deve ficar entre Barreiras do Piauí e Jaguarari-BA, estendendo-se até Ouricuri-PE e São José-PI. Por outro lado, no Sul do país, na região compreendida entre Pelotas-RS e Porto Alegre-RS, há 40% de probabilidade de aumento no volume de chuvas em relação à média histórica da região.

Agosto - Já em agosto, a área com 40% de probabilidade de ocorrências de chuvas abaixo da média ainda será grande e está compreendida entre o litoral brasileiro e uma faixa na altura de Cachoeiro do Itapemirim-ES, que segue em direção a Ituiutaba-MG, passa por Rio Verde-GO, Gaúcha do Norte-MT, Tabaporã-MT e Manaus-AM, seguindo a partir dessa cidade em direção ao Norte até o litoral brasileiro. Somente em uma pequena porção no extremo Norte do Amapá, a partir de Calçoene, as probabilidades de redução no volume de chuvas alcançam 45%.

Ainda nesse mês, é esperada a ocorrência de seca na região compreendida entre Petrolina-PE e Betânia do Piauí-PI. Também a partir de Salgueiro-PE e em quase todo o estado do Ceará espera-se a ocorrência de seca. Nesse mês, no Sul do país, por outro lado, as chances de aumento no volume de chuvas chegam a 40% na área compreendida entre o litoral, na altura do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, Santa Maria-RS e a região de Porto Alegre-RS.

Setembro - Em setembro, a área com 40% de probabilidade de redução no volume de chuvas deve ser menor do que nos dois meses anteriores e está compreendida entre a costa brasileira, na altura da Serra dos Aimorés, no Espírito Santo, Virgem da Lapa, São Raimundo Nonato-PI, Balsas-MA, Tucumã-PA e Manicoré-AM até o litoral Norte do Brasil, na altura desse último município. As probabilidades de redução de até 45% no volume de chuvas nesse mês são somente para o estado do Amapá, a partir da capital Macapá. Também é esperada a ocorrência de seca nesse mês em quase todo o estado do Ceará e na região de Cocal-PI.

Temperatura - Com relação à temperatura para o mês de julho, há 50% de probabilidade de que fique acima da média do período em uma faixa entre o litoral, na altura de Brusque-SC, seguindo em direção ao Norte até Avaré-SP, passando por Itamogi-MG e o litoral na altura de Marataízes-ES. Outra faixa apresenta 45 % de probabilidade de aumento da temperatura e abrange os municípios de Criciúma-SC, Fraiburgo-SC, segue em direção ao Norte até Paranaiguara-GO, Hidrolândia-GO e segue até Pirapora e Dores de Guanhães, ambas em Minas Gerais. A probabilidade de 45% de ocorrência de temperaturas acima da média no mês de julho também abrange uma grande área da Amazônia Legal, compreendida por uma faixa que tem como extremos as cidades de Porto Velho-RO, Cuiabá-MT, Muricilândia-TO e Boa Vista-RR.

Williams destaca que a concretização das previsões depende, entre outros fatores, do comportamento da temperatura do Oceano Pacífico Norte, que varia consideravelmente. Por isso, o pesquisador justifica a necessidade de as previsões serem contínuas, considerando-se o que efetivamente aconteceu no mês anterior. É necessário que se reveja a previsão para os meses de agosto e de setembro, por exemplo, pois as expectativas para esse inverno são principalmente de anomalias no que se refere às temperaturas.

Clenio Araujo
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo
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Texto baseado em informações do pesquisador Williams Ferreira