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Professor expõe visão diferente sobre mudanças climáticas



A palestra foi acompanhada por dezenas de pessoas
12/12/2007 15:56:12



"O IPCC é a maior manipulação já vista na história contemporânea": assim resumiu Adil Rainier Alves, professor aposentado da UFV (Universidade Federal de Viçosa) a atuação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. A opinião, contrária à da maior parte dos pesquisadores sobre o tema, foi dada durante palestra nesta quarta-feira, 12 de dezembro, na Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG).

O professor, que tem doutorado em Ciências Atmosféricas pela Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, criticou a amplitude e a importância, para ele exagerada, dada à influência humana sobre o que vem sendo chamado de mudanças climáticas. "O tão propalado aquecimento global é uma grande farsa", defende, acrescentando que o IPCC "é uma entidade política. Cientistas sérios já fugiram dele".

Segundo Adil, dependendo da escala de tempo que se considera, pode-se dizer que está havendo aquecimento ou resfriamento no planeta. Tomando por base a série histórica dos últimos 3.000.000 de anos, a temperatura média da Terra diminuiu; mas houve, durante milhares de anos seguidos, aumento também. Hoje estamos, na visão do professor, num regime de aquecimento dentro de uma era de resfriamento mais geral e abrangente em termos de anos.

E a que atribuir imperfeições ou mesmo erros nas previsões feitas por cientistas de diferentes instituições mundo afora? Para Adil, a modelagem de nuvens, de correntes oceânicas e do gelo é o grande problema: "ninguém consegue fazer isso". Nesse sentido, as previsões feitas nos últimos tempos - e aqui se fala de décadas e séculos - são contraditórias e na maior parte das vezes equivocadas. "Todas as previsões climáticas feitas com 10 anos de antecedência falharam. Nada é capaz de modelar o clima", resume.

Aos que defendem a tese de que nunca houve, na história do planeta, um período de tanto derretimento das calotas polares como o atual, o professor diz que, há mais de 100.000 anos, a temperatura era maior e, consequentemente, as geleiras derretiam mais. Esta situação está dentro da oscilação natural da temperatura da Terra, que sempre houve, acontece hoje e continuará acontecendo no futuro. A instabilidade do clima, que possui diversas causas, provoca tais variações na temperatura.

"Aquecimento ou resfriamento depende da escala que se tem. Estamos prestes a ver a temperatura começar a cair. Há cerca de 12.000 anos ela aumenta. Portanto, daqui a aproximadamente 3.000 anos ela começará a cair", resume Adil. Segundo ele, observando-se a série histórica de temperatura do planeta, observa-se que a cada período de 100.000 anos acontece uma era glacial e, depois, durante 15.000 anos há uma era quente.

Não estudar e conhecer o passado de mudanças atrapalha a percepção do que está ocorrendo hoje no mundo. O tempo das alterações climáticas sempre é maior que o tempo a que estamos acostumados (de anos ou no máximo décadas). Em se tratando de clima, o período a ser analisado deve ser mais abrangente. Assim como, há alguns anos, termos como buraco na camada de ozônio, efeito estufa e chuva ácida permeavam o imaginário da população, muitas vezes amedrontando-a, hoje em dia o aquecimento global faz tal papel. E isso acontece, sobretudo, através dos meios de comunicação, que buscam notícias e fatos espetaculares e até sensacionalistas para divulgação.

Clenio Araujo
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo
Contatos: clenio@cnpms.embrapa.br / (31) 3779-1172 / (31) 9974-3282

 

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