29/5/2008 08:21:58
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, assinou na última semana convênio com a Fundação Triângulo de Pesquisa e Desenvolvimento (MG) para o desenvolvimento de variedades e híbridos de milho e sorgo. Num momento em que a crise global de alimentos ganha destaque no mundo, a parceria deverá aumentar a presença da empresa no mercado de grãos e fortalecer a indústria brasileira de sementes.
A expectativa é de José Roberto Rodrigues Peres, gerente-geral da Embrapa Transferência de Tecnologia, unidade responsável por coordenar a área de negócios da empresa. Segundo ele, a Embrapa já detém mais de 90% das variedades de milho utilizadas pela agricultura familiar e, a partir do acordo firmado, pretende dobrar a participação no mercado de híbridos em médio prazo.
Altos e contínuos aportes financeiros são necessários para assegurar o desenvolvimento de novas cultivares. Por isso, explica Peres, é fundamental a parceria com a iniciativa privada, "que hoje aplica cerca de R$10 milhões de reais por ano em alguns programas de melhoramento da Embrapa, com a garantia de exploração comercial das cultivares", ressalta. É o que se pretende também para milho e sorgo, cuja parceria com os produtores de sementes deverá acontecer nos moldes do que é feito atualmente com a soja.
Modelo - No último ano, a Embrapa Transferência de Tecnologia e a Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) promoveram diversas reuniões com representantes do setor. O objetivo era definir a melhor maneira de conjugar esforços em favor do fortalecimento da cadeia do milho, por meio do apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de materiais genéticos adaptados às condições climáticas do país.
Apesar de fundamental, a injeção de recursos na pesquisa não é o único ponto de destaque da parceria. Para o gerente de sementes e mudas da Embrapa Transferência de Tecnologia, Ronaldo Andrade, a presença dos produtores de semente nos programas de melhoramento vai encurtar distâncias, dotando a pesquisa de antenas para as demandas do mercado, que será mais eficazmente atendido.
O convênio da Embrapa com a Fundação Triângulo prevê que redes de ensaio e testes complementares sejam instalados e conduzidos pela Embrapa. "Isso tornará mais segura a recomendação dos materiais e a transferência dessas novas cultivares para o setor agrícola brasileiro", diz Andrade.
As empresas de produtores de sementes representadas pela fundação estarão envolvidas nas fases finais da rede de avaliação e participarão do custeio dessas atividades. Como contrapartida, os parceiros deterão o direito de exclusividade por prazo determinado para multiplicação e comercialização dos materiais desenvolvidos nessa parceria.
Parra a chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo Vera Alves, o novo modelo tem tudo para dar certo. "Temos a expectativa de que essa parceria traga maior participação da iniciativa privada no desenvolvimento das cultivares, proporcionando maior aproximação dos pesquisadores com o mercado", afirma. Vera espera que, com a Fundação Triângulo, aconteça um fortalecimento do programa de melhoramento genético em milho e sorgo da Embrapa, "com oportunidades para novas empresas e o desenvolvimento de empresas hoje com pouca experiência no mercado de sementes".
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