2/9/2008 10:13:11
“O diferencial competitivo no mercado internacional de agroenergia, e sua
própria sobrevivência, dependerá do domínio da tecnologia agronômica
avançada – especialmente da biotecnologia, dos processos de transformação
da matéria-prima em energia e dos processos envolvidos nas biorefinarias”.
Este é o cenário apresentado pelo pesquisador da Embrapa Soja
(Londrina-PR) Décio Luiz Gazzoni sobre o impulso desenfreado vivenciado
pelos biocombustíveis, se comparado a outras fontes de energia renovável.
Em palestra durante o XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo sobre o
cenário futuro para o milho e o sorgo frente à demanda de alimentos e
produção de energia, o pesquisador acredita que o mercado internacional
será dominado por quem detiver os processos mais avançados e competitivos.
“Não existe, de forma isolada, uma cadeia produtiva de agronergia. A
produção de agronergia está fortemente entrelaçada com a produção de
alimentos e outros produtos tradicionais da agricultura e o encarecimento
destas matérias-primas demandará fortes investimentos em pesquisa,
desenvolvimento e inovação”, defende.
Segundo Gazzoni, é urgente o desenvolvimento de processos eficientes e que
permitam utilizar matéria-prima genérica – em especial resíduos e dejetos
– que fogem da competição com a área nutricional. E uma das conseqüências
deste cenário, de acordo com ele, já será sentida na próxima década. “Uma
grande revolução será a incorporação do conceito das biorefinarias,
extraindo da biomassa substâncias químicas de alto valor intrínseco, que
viabilizarão o negócio em seu conjunto”, prevê.
O Brasil ocupa uma posição favorável na matriz energética mundial, já que
47% é o percentual ocupado por sua energia renovável. E em 2008, a energia
proveniente da cana-de-açúcar já ocupa o segundo lugar de importância no
Brasil, atrás apenas da cadeia do petróleo. Apesar do baixo custo de
produção e facilidades de cultivo e processamento, continua Gazzoni, a
necessidade de combustíveis para transporte e para a geração de energia
demandará novas fontes de aproveitamento da biomassa.
Segundo o pesquisador, a cana-de-açúcar deverá ocupar posição de destaque
na produção de etanol em um cenário vislumbrado até 2030, já que é “uma
planta excepcional do ponto de vista energético e custo de produção
relativamente barato para o mercado a que se destina”. “Embora a
monocultura seja condenável, as condições do mercado brasileiro e
internacional restringirão a participação de outras fontes de
matéria-prima, aí incluídas tanto o milho quanto o sorgo, devido às baixas
margens e necessidade de escala”, conclui Décio Gazzoni.
GRÃOS – O mercado mundial de milho deverá continuar aquecido, em especial
pela demanda dos países emergentes. De acordo com as projeções do
pesquisador, a utilização do cereal como energia nos Estados Unidos deve
perdurar por, no máximo, 15 anos, até que novas tecnologias ganhem espaço
e competitividade comercial, eliminando, então, o milho do mercado
energético. Nesta conjuntura, a previsão, segundo ele, é de preços
elevados, sustentados tanto pela demanda nutricional mundial quanto pelo
nicho energético nos Estados Unidos, o que estimula a produção de milho no
Brasil.
Em relação ao sorgo, analisa Gazzoni, há um enorme diferencial de
competitividade em relação à cana-de-açúcar, “o que limita as
oportunidades de seu uso energético em larga escala”. Segundo ele, as
oportunidades deste cereal estarão destinadas a nichos específicos nos
quais sua competitividade se sobressaia à da cana-de-açúcar. No entanto, o
acerto na estruturação da sua cadeia produtiva e o alinhamento dos
sistemas de produção agrícola e industrial sintonizados com a logística e
com o sistema de distribuição e comercialização de biocombustíveis no país
são alguns dos desafios neste caminho.
O XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, realizado pelo Iapar
(Instituto Agronômico do Paraná), a Embrapa Milho e Sorgo e a Embrapa
Transferência de Tecnologia, Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), acontece até a próxima quinta-feira em Londrina-PR.
A promoção é da ABMS (Associação Brasileira de Milho e Sorgo).
SERVIÇO:
Evento: XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo
Local: Centro de Exposições e Eventos (Londrina-PR)
Data: de domingo (31/08) a quinta-feira (04/09)
Sala de Imprensa: (43) 3334-3086 / 3325-0594
Texto: Guilherme Viana (MTb/MG 06566 JP)
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG): www.cnpms.embrapa.br
Área de Comunicação Empresarial (ACE)
Contatos: (31) 9233-2101 / gfviana@cnpms.embrapa.br