A cultura do feijão foi tema de duas palestras técnicas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) durante o terceiro dia do Show Rural Coopavel, em Cascavel. José Luiz Cabrera Díaz, da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO), mas que trabalha no Paraná, lembrou a diversidade de tipos de feijão existentes no Brasil. Na ordem de quantidade de produção, em primeiro lugar está o carioca; logo depois o preto; e em seguida vêm outros tipos, como o roxo. Mas ele alerta para a questão do mercado: "de preferência, o produtor deve plantar o feijão carioca ou o preto", que têm mais demanda.

Cabrera lembrou algumas questões a que o produtor deve ficar atento. Entre elas, a qualidade da semente utilizada, fundamental para o sucesso da lavoura, e os danos causados pelas mudanças no clima. A utilização do plantio direto e a rotação de culturas também devem fazer parte, cada vez mais, do dia-a-dia do produtor rural. Um bom planejamento é essencial, já que o feijão é cultivado em grande parte do país e durante todo o ano.

O cultivo de feijões especiais foi tema de Raimundo Ricardo Rabelo, também da Embrapa Arroz e Feijão. Ele lembrou que é necessário e até desejável a diversidade de cultivos agrícolas que existem no Brasil. E um mercado que começa a surgir no Brasil é o de feijões especiais, que geralmente conseguem um preço melhor no mercado, mas demandam uma produção mais especializada.

"Quem paga caro, exige", alerta, dizendo que são necessários cuidados especiais no cultivo de feijões especiais. Raimundo afirma que esse tipo de cultura apresenta alguns problemas a mais que o feijoeiro comum. Segundo ele, todos são muito susceptíveis a todas as doenças e pragas que atacam o feijão. Além disso, a produtividade costuma ser menor que a do feijoeiro comum, ficando entre 1.800 e 2.000 kg/ha. Raimundo reforça que este tipo de cultivo deve ser bem pensado, antes do plantio, para que o produtor se certifique de que existe mercado consumidor. A necessidade de se utilizar uma boa semente e de um manejo adequado também foram citadas por ele.

Momento da agricultura

O pesquisador Amélio Dall"Agnol, da Embrapa Soja (Londrina-PR), falou sobre o momento vivido atualmente pela agricultura brasileira. "O que chamamos de tecnologia de gestão (saber vender, saber comprar) pode ser mais importante que a tecnologia de produção", opina. Segundo o pesquisador, é em tempos de crise que surgem as soluções mais criativas. Desta vez, não será diferente: os preços agrícolas, assim como em outras épocas, continuam num sobe e desce.

Amélio também lembrou que o uso de muito insumo nem sempre pode ser definido como tecnologia; às vezes, chega a ser desperdício. O produtor deve estar atento e saber bem em que gastar o seu dinheiro. Ter noções básicas de administração rural, organizar-se em cooperativas, eliminar perdas na colheita e na pós-colheita, eliminar intermediários e acabar com máquinas e equipamentos ociosos são outras dicas do pesquisador.

Clenio Araujo (MG 06279 JP)
Jornalista da Embrapa
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