Uma missão de autoridades angolanas está no Brasil em busca de subsídios para a formação de quatro centros de pesquisa. Os profissionais, todos ligados ao Ministério da Agricultura de Angola, vieram conhecer experiências da Embrapa que possam servir de referência para o trabalho no país africano.

Esta semana, a Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas - MG) recebeu a visita de três membros da delegação angolana: o diretor-geral do Instituto de Investigação Agronômica, Mpanzo Domingos; o diretor-adjunto do Instituto Nacional de Cereais, Emilio Bernardo; e o diretor-adjunto do Serviço Nacional de Sementes, Augusto Caetano.

Na Unidade, eles buscaram exemplos de atividades e estruturas para a criação do centro de pesquisa de milho e feijão em Angola. Também serão montados centros de mandioca, batata doce e amendoim; ovinos e caprinos; e gado de leite.

Mpanzo Domingos explica que um diagnóstico realizado em Angola detectou a necessidade de maiores investimentos em pesquisa para impulsionar o desenvolvimento agrário do país. Constatou-se a falta de recursos humanos, de infraestrutura adequada e de pesquisas que atendessem às demandas dos produtores rurais. Surgiu, assim, a necessidade de estabelecer parcerias.

Por isso, os representantes angolanos têm visitado unidades da Embrapa. "O objetivo da missão é buscar assessoria, identificar profissionais para trabalhar em conjunto e elaborar programas de pesquisa adequados à realidade angolana", explica o diretor do Instituto de Investigação Agronômica.

O chefe-adjunto de Comunicação e Negócios da Embrapa Milho e Sorgo, Derli Prudente Santana, destaca que é muito importante para a Embrapa poder ajudar um país como Angola, que tem forte identidade cultural e linguística com o Brasil. Ele lembra que há também semelhanças por causa do posicionamento geográfico, já que as duas nações têm clima tropical. As similaridades contribuem para uma rica troca de informações.

Em Sete Lagoas, os visitantes assistiram a palestras sobre a estrutura e o funcionamento da Embrapa Milho e Sorgo e sobre projetos, como a tecnologia social das barraginhas. Também conheceram laboratórios, a biblioteca e a área experimental da Unidade. Mpanzo destacou que alguns temas de pesquisas desenvolvidas no centro são de grande interesse para a realidade angolana, como a integração lavoura-pecuária, o manejo integrado de pragas e o plantio direto. Além disso, o dirigente observou que a organização e a infraestrutura da Unidade podem servir de modelo para a criação do centro de milho e feijão em Angola.

Um protocolo de cooperação técnica está sendo elaborado para firmar a parceria entre a Embrapa e o Ministério da Agricultura de Angola, conforme explicou Mpanzo. O objetivo é promover integração de trabalho, intercâmbio de informações entre os centros de pesquisa e também treinamentos de curta duração. Para Derli, a parceria representa não só uma relevante contribuição que a Embrapa pode oferecer a Angola, mas também uma fonte importante de aprendizado para a empresa. "Temos tecnologia para transferir e, ao mesmo tempo, podemos aprender. A parceria envolve, basicamente, compartilhar conhecimentos científicos e tecnológicos, transferência de tecnologia, intercâmbio de material genético e, principalmente, desenvolvimento institucional e de recursos humanos. Por outro lado, este envolvimento de nossa Unidade é uma contribuição à política de internacionalização da Embrapa, consolidando-se cada vez mais como líder em tecnologia para a agricultura tropical", explicou o chefe-adjunto de Comunicação e Negócios da Embrapa Milho e Sorgo.

Percurso da comitiva

A missão angolana chegou ao Brasil no último dia 14. As primeiras visitas foram à Embrapa Sede e à Embrapa Transferência de Tecnologia, em Brasília. Depois, a delegação seguiu para a Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás - GO). O grupo, então, se dividiu. Alguns membros da missão, chefiados pelo vice-ministro da Agricultura de Angola, Zacarias Sambeny, seguiram para conhecer as unidades Caprinos e Ovinos (Sobral - CE) e Gado de Leite (Juiz de Fora - MG), enquanto a equipe comandada por Mpanzo Domingos esteve na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas -BA) e na Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas - MG). Os membros da missão voltam a se reunir na unidade Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro - RJ) antes de retornarem a Angola.

Marina Torres (MG 08577 JP)
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
Contato: (31) 3027-1275