Duas hortas comunitárias de Sete Lagoas-MG passam a contar com lagos de múltiplo uso. Nas últimas semanas, foram construídos reservatórios para as hortas dos bairros Vapabuçu e Cidade de Deus, numa parceria entre a prefeitura local e a Embrapa Milho e Sorgo, por meio do projeto "Desenvolvimento e Cidadania", custeado pela Petrobras.

No bairro Vapabuçu, a horta comunitária beneficia 97 famílias e já está consolidada, mas ainda não tinha um reservatório de água que pudesse garantir a irrigação com segurança. Os produtores utilizavam um poço artesiano e, quando a bomba estragava, ficavam cerca de quatro dias sem ter como molhar as plantas. Agora a água do poço irá abastecer o lago, que garante uma reserva capaz de irrigar a horta durante uma semana.

A obra foi feita em mutirão. "Ao participar da construção do lago, os usuários aprendem fazendo. Esse é o objetivo: a difusão dessa tecnologia", explica o engenheiro agronômo da Embrapa Milho e Sorgo, Luciano Cordoval, responsável pelo projeto. Além de dar tranquilidade aos usuários da horta com a reserva de água para a irrigação dos canteiros, o lago servirá também como criatório de peixes.

No bairro Cidade de Deus, há cerca de 30 famílias envolvidas com a horta comunitária, que é mais recente. O local precisa de melhor infraestrutura, segundo explica Luciano. Além da construção do lago, o sistema de irrigação será complementado e os usuários também terão criação de peixes, que serão doados pelo projeto.

Além dos bairros já contemplados, o Itapoã também será beneficiado com a implantação de uma horta comunitária e lago de múltiplo uso. "Lá, estamos começando do zero. Vamos iniciar a mobilização, com reuniões, fazer o envolvimento dos moradores, cadastrar famílias, fazer a horta e o reservatório", conta o engenheiro agrônomo. O trabalho terá início em junho.

A construção de lagos de múltiplo uso em Sete Lagoas teve início há dez anos, quando a Embrapa Milho e Sorgo implantou três reservatórios na horta da avenida Alberto Moura. Atualmente, mais 12 municípios brasileiros são atendidos pelo projeto "Desenvolvimento e Cidadania", coordenado por Luciano Cordoval e financiado pela Petrobras. Luciano explica que no Vale do Jequitinhonha, em Minas, e nos estados do Piauí e Ceará, é feita a captação de água de chuva, por meio de barraginhas, para consumo humano, animal e irrigação de agricultura. Já em Sete Lagoas, "os lagos encaixaram como luvas para as hortas comunitárias. Qualquer sistema precisa ter reservatório. O princípio é trazer segurança para as hortas", conclui o engenheiro agrônomo.

Entenda o lago de múltiplo uso

O lago de múltiplo uso, considerado uma tecnologia social, tem construção de baixo custo e diversas aplicações, como reservatório para abastecimento, irrigação, piscicultura e lazer. Também pode ser utilizado para acondicionar e tratar dejetos líquidos de suínos, bovinos e frigoríficos, para posterior liberação e aplicação em lavouras. É feito com uma máquina, tipo pá carregadeira, e impermeabilizado com lona de plástico, que deve ser recoberta com uma camada de terra.

Marina Torres (MG 08577 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
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