03/08/2009 15:37:09
Na comunidade Fazendinha Pai José, município de Araçaí (região Central de Minas Gerais), a integração entre tecnologias sociais tem tornado o sonho dos moradores realidade.
Na localidade existem 111 chácaras de dois hectares cada. Os proprietários são, em sua maioria, aposentados de pequeno poder aquisitivo. Muitos alimentavam um antigo desejo: ter um pequeno lago e criar peixes. "A limitação era a água, de difícil acesso", explica o engenheiro agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Luciano Cordoval.
Em agosto do ano passado, foram feitas 96 barraginhas para captação de enxurradas na Fazendinha Pai José, que é uma das 40 comunidades atendidas pelo projeto "Desenvolvimento e Cidadania", financiado pela Petrobras e coordenado por Luciano Cordoval.
De lá pra cá, o nível de água das cisternas que era, em média, de quatro metros aumentou para mais de dez metros, como conta um dos moradores, Dimas Marques Sobrinho. "Dá para tirar uns seis mil litros por dia. Em todo canto onde fez barraginha, tem água demais agora".
Luciano Cordoval explica como funciona a tecnologia: "as barraginhas colhem as enxurradas e evitam erosão do solo. A água captada infiltra na terra e recarrega o lençol freático, elevando-o. Isso reflete no nível das cisternas."
Mas, nem mesmo o coordenador do projeto esperava que a capacidade de abastecimento fosse tanta. "Descobrimos um tesouro", conta, animado. Ao retornar à comunidade, ele pôde ver os moradores abastecendo pequenos lagos com água das cisternas.
Os moradores tinham pedido que a máquina usada para cavar as barraginhas fizesse alguns buracos a serem lonados. Queriam também ter pequenos lagos de múltiplo uso, outra tecnologia difundida por Luciano Cordoval.
O engenheiro agrônomo se surpreendeu com o que viu ao retornar às chácaras: "a gente não imaginava que pudesse sustentar o lago com a água de cisterna e criar peixe." E é exatamente o que está acontecendo na Fazendinha Pai José para alegria dos produtores, como Giovani Vicente. "O sonho que eu tinha quando comprei esse terreno era adquirir um poço", diz, satisfeito.
A realização é uma terapia, como explica outro morador, Geraldo de Souza: "isso aqui é o 'tira-estresse'. Você está cansado, nervoso, preocupado, vem pra cá e fica jogando ração para os peixes. Volta pra casa e acabou o estresse".
A água ainda é suficiente para irrigar horta e dar de beber aos animais. Luciano Cordoval diz que a experiência da integração entre barraginhas e lagos abastecidos por cisternas pode ser replicada em toda região de latossolo vermelho e amarelo, que é poroso e predomina no Brasil Central.
O modelo pode ser adotado com um pequeno investimento. "Na Fazendinha Pai José, foram feitos mini lagos de 14 metros de diâmetro, por 1,2 metro de profundidade, gastando 4 horas de máquina tipo pá carregadeira e mais 30 metros de lona de 8 metros de largura. O custo fica em torno de 500 reais por lago", orienta o engenheiro agrônomo.
Marina Torres (MG 08577 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
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