24/9/2009 07:50:24
As influências das mudanças climáticas e da disponibilidade de recursos hídricos na agricultura estão entre as questões centrais em discussão no XVI Congresso Brasileiro de Agrometeorologia (CBA), que ocorre em Belo Horizonte até a próxima sexta-feira. Mais de 450 inscritos participam das atividades do evento: palestras, mesas redondas, minicursos e apresentações de trabalhos técnico-científicos em forma de pôsteres e exposições orais.
O presidente do XVI CBA e pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Reinaldo Lúcio Gomide, destaca que "a possibilidade de mudanças climáticas tem chamado a atenção de autoridades e o conhecimento sobre possíveis cenários futuros pode ajudar a prever riscos e pensar políticas públicas adequadas".
Na palestra de abertura do Congresso, realizada nesta terça-feira, o senador Renato Casagrande, presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal, defendeu a introdução de um novo modelo de desenvolvimento. Segundo Casagrande é preciso que haja "governança global, educação para a sustentabilidade, consumo responsável e reconhecimento econômico dos serviços ambientais".
O senador destacou a importância da 15ª Conferência das Partes (COP 15) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em dezembro deste ano em Copenhague, na Dinamarca. Casagrande afirmou que deveria haver um acordo entre países em desenvolvimento sobre a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa antes da COP 15 e o prazo para que isso ocorra está cada vez mais curto.
Nesta quarta-feira, o presidente da Sociedade Brasileira de Agrometeorologia (SBA) e reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Luiz Cláudio Costa, fez apresentação sobre os efeitos das mudanças climáticas na agricultura brasileira. Luiz Cláudio apresentou resultados de pesquisas demonstrando que as alterações no clima vão afetar fortemente a produtividade das culturas. Ele explicou que "há evidências claras de que irão ocorrer impactos na agricultura", mas ressaltou que "esses impactos podem ser amenizados com o desenvolvimento de tecnologias e de novas cultivares adaptadas".
Os recursos hídricos também estiveram em debate no segundo dia do evento. O professor Salassier Bernardo, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, destacou que é cada vez maior a pressão para que a irrigação seja conduzida com mais eficiência e de forma sustentável. E lembrou que órgãos internacionais já preconizam uma redução em torno de 10% do consumo mundial de água com agricultura.
Nesse sentido, o professor da UFV, Everardo Mantovani, defendeu a importância da gestão da irrigação, que, segundo ele, não pode ser confundida com manejo. "A gestão envolve o manejo, mas vai além. O manejo decide quando e quanto irrigar. A gestão considera solo, planta, clima, água, equipamentos, energia e estratégias de condução da lavoura", explicou.
Mantovani apresentou softwares desenvolvidos para implantar sistemas de gestão de irrigação. Há programas para grandes propriedades e outros simplificados para atender ao pequeno e médio produtor rural. O professor listou vários benefícios da gestão de irrigação, como diminuição do consumo de energia, aumento de produtividade da lavoura, redução de doenças e de perdas de nutrientes. Mantovani ressaltou ainda a importância do monitoramento, tendo em vista que, em alguns casos, pode ser necessário aumentar a disponibilidade de água para a lavoura, mas também é preciso evitar o excesso, que causa queda de produtividade.
As atividades do XVI CBA prosseguem até sexta-feira no GranDarell Minas Hotel, que fica à rua Espírito Santo, 901, Centro de Belo Horizonte. O evento é uma promoção conjunta da SBA, da UFV e da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Para mais informações, a página do evento é www.sbagro.org.br/cba.
Texto: Marina Torres (MG 08577 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) www.cnpms.embrapa.br
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