25/9/2009 16:12:24
Modelagem, sensoriamento remoto e sistema de informação geográfica na agrometeorologia. Temas aparentemente complexos, mas de grande utilidade para a agricultura, desde que bem empregados. Estes foram os temas da última mesa redonda do XVI CBA (Congresso Brasileiro de Agrometeorologia), que terminou nesta sexta-feira, 25 de setembro, em Belo Horizonte-MG.
Maurício Alves Moreira, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), lembrou o crescimento exponencial que a população mundial teve nas últimas décadas e, ao contrário, o crescimento linear da produção de alimentos no mesmo período. Apenas no Brasil, segundo ele, há um consumo médio diário de 90 mil toneladas de alimentos, o que dá um consumo próximo de 33 milhões de toneladas por ano. E como se chega a uma produção deste porte? "Só mesmo através de uma agricultura moderna e com sustentabilidade", defende.
Neste sentido, o uso de imagens de satélites para mapear e monitorar a produção agrícola pode contribuir. "É no mínimo uma decisão inteligente o uso deste recurso", opina, acrescentando que, através das imagens, é possível se ter uma boa noção do local e uma visão mais ampla da área. Maurício comentou que há várias opções de satélites que geram imagens que podem ser aproveitadas na agricultura. Conforme a área trabalhada, o chamado tempo para a revisita (período que o satélite gasta para retornar ao mesmo ponto e gerar nova imagem) é diferente. Quanto maior a área, menor é o tempo; há satélites que passam pelos mesmos pontos todos os dias e há outros, que trabalham com faixas menores de área, que demoram dezenas de dias para retornar ao mesmo ponto.
Um exemplo de uso de imagem de satélite na agricultura vem do Sul do país. A professora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Denise Fontana, explicou o trabalho que tem sido feito com o auxílio do sensor Modis, mostrando que é possível acompanhar as diferentes fases de uma cultura agrícola (desde o plantio, passando pelo manejo e chegando à colheita). A professora fez questão de destacar que este é um trabalho simples, mas que vem atendendo à demanda gerada no estado. Há, portanto, várias possibilidades de trabalhos mais complexos, que devem ser elaborados a partir da necessidade que se constata.
Denise comentou sobre o LEAA (Laboratório de Estudos em Agricultura e Agrometeorologia), do qual faz parte. O principal objetivo do grupo é atender às atividades de pesquisa relacionadas ao desenvolvimento de metodologias para previsão de safras. Para isso, o laboratório trabalha com mapeamento de áreas e modelagem agrometeorológica do rendimento de culturas agrícolas e de pastagens. Com as chamadas "máscaras de cultivo" geradas, é possível se quantificar as áreas de cultivo, localizando-se as lavouras e realizando-se estudos sobre elas.
A professora explicou que, hoje, esse tipo de trabalho é feito com duas culturas agrícolas no Rio Grande do Sul: a soja e o arroz. O objetivo agora é também fazer o trabalho com trigo. Mas há necessidade de se trabalhar ainda com o milho. Um fator limitante, de acordo com Denise, é a grande variedade de épocas de plantio, já que esta cultura pode ser plantada em mais da metade do ano sem grandes complicações ou dificuldades quanto ao manejo. "A gente vai ter que trabalhar com o milho, que é uma grande demanda da Conab", finalizou.
O XVI Congresso Brasileiro de Agrometeorologia é uma organização conjunta da SBA (Sociedade Brasileira de Agrometeorologia), da UFV (Universidade Federal de Viçosa) e da Embrapa Milho e Sorgo (que fica em Sete Lagoas-MG). Mais informações no www.sbagro.org.br/cba. O próximo congresso nacional sobre o tema está marcado para o ano de 2011 e vai acontecer em Vitória-ES.
Clenio Araujo (MG 06.279 JP)
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo
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