18/2/2010 08:48:34
Um encontro de pessoas de diversas culturas que têm em comum o envolvimento em ações sociais. No Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, sete jovens de quatro países diferentes visitaram comunidades quilombolas beneficiadas pelo Projeto Desenvolvimento e Cidadania, que é coordenado pelo agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Luciano Cordoval, e financiado pela Petrobras.
Os jovens, vindos da Coreia, Japão, Estados Unidos e Colômbia, participam da organização não governamental norte-americana IICD (Institute for International Cooperation and Development), que promove o intercâmbio de voluntários para países da América Latina e África. O grupo é liderado pela brasileira Marcela Simões, que pesquisou pela Internet projetos sociais para serem visitados. Ela encontrou o trabalho coordenado por Luciano Cordoval, a difusão das barraginhas e lagos lonados, duas tecnologias que promovem ganhos ambientais e sociais.
Após contato telefônico com o agrônomo da Embrapa, Marcela agendou a visita em conjunto ao Vale do Jequitinhonha. A viagem já estava programada por Luciano para fazer a entrega de computadores às comunidades na última semana de janeiro.
O Projeto Desenvolvimento e Cidadania faz a implantação e treinamento de moradores para uso de barraginhas, que captam águas de chuva, evitam erosões e promovem o reabastecimento do lençol freático, e também de lagos lonados, reservatórios de baixo custo com finalidades variadas, como a criação de peixes, por exemplo. A doação de computadores é uma espécie de premiação para as comunidades que se destacam.
"Como num namoro, o computador é a aliança de compromisso. Busca motivar o grupo a acreditar no projeto, a saber que vão chegar coisas novas", explica Luciano. Das 40 comunidades atendidas, 15 receberam kit com câmera digital, pen drive, impressora e computador.
Os intercambistas participaram das cerimônias de entrega pública dos equipamentos de informática. Antes da viagem ao Brasil, eles fizeram curso intensivo de português, o que possibilitou a comunicação com os moradores do Vale.
Foram visitadas três comunidades do município de Minas Novas (Inácio Félix, Cansanção e Curralinho), duas de Berilo (Santo Isidoro e Alto Catitu), e uma de Chapada do Norte (Moça Santa). Em Cansanção, os jovens conheceram um lago lonado usado pelos moradores como criatório de peixes. O produtor rural José Brandão se emocionou durante o contato com os intercambistas. "Eu não esperava uma presença tão delicada, fazendo uma visita num lugar onde não criava peixe antes", comentou.
Em Moça Santa, nem mesmo a demora para a chegada dos visitantes desanimou os moradores. Cerca de 100 pessoas aguardaram a reunião. "Atrasamos duas horas, porque o carro dos intercambistas não conseguia subir alguns morros. Mesmo assim, o pessoal não arredou o pé", conta Luciano. No encontro, os jovens ajudaram a montar o computador e, na comemoração pela entrega, dançaram com os moradores ao som das músicas cantadas pelas lavadeiras da comunidade.
Os intercambistas relataram que valeu a pena enfrentar todas as dificuldades da viagem, para encontrar tanta gente com boas atitudes. Segundo Luciano, o encontro foi uma vitória do projeto. "Eles visitaram só quatro projetos sociais no Brasil e o nosso foi um deles. Isso demonstra o amadurecimento do nosso trabalho, que já está se tornando uma referência. Tanto os jovens, como as comunidades saíram ganhando com essa experiência", comentou.
O agrônomo ficou impressionado com a riqueza que a Internet proporciona. "Sem a Internet nada disso teria acontecido. Foi amadurecimento para os jovens e oportunidade para nosso projeto. Eles vão fazer relatórios sobre a viagem e colocar na rede. Com isso, podem surgir outros contatos como esse", afirma.
Para a estagiária do projeto, Isabela de Resende, essa viagem foi a mais rica de todas. "Valeu para finalizar bem o trabalho, como um prêmio para coroar nossas ações", comentou. O Projeto Desenvolvimento e Cidadania encerra as atividades previstas de difusão de barraginhas e lagos lonados no dia 28 de fevereiro. Mas existe a expectativa de que a Petrobras renove o patrocínio para continuidade do trabalho por mais dois anos.
Texto: Marina Torres (MG 08577 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
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