25/8/2010 15:42:10
O Potencial do sorgo para produção de bioetanol foi tema da reunião anual do CAE (Conselho Assessor Externo) da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) realizada nesta quarta-feira, dia 25.
Pesquisadores e analistas participaram da discussão com os membros do Conselho, cuja finalidade é assessorar as ações da Unidade para obtenção de resultados que venham ao encontro das demandas sociais.
O diretor executivo da Embrapa e presidente do CAE, José Geraldo Eugênio de França, ao fazer a abertura dos trabalhos, destacou o aumento da demanda por etanol nos últimos anos, devido à produção de veículos bicombustíveis, os chamados carros flex.
"Não é só a cana-de-açúcar que vai puxar a produção de etanol. A cana vai continuar como principal matéria-prima para o etanol de primeira geração, mas a demanda por sorgo sacarino, nos próximo anos, será grande", afirmou Geraldo Eugênio.
O dirigente chamou a atenção para a necessidade de se otimizar a utilização das usinas. "Muitas destilarias passam cinco meses por ano paradas. O sorgo pode complementar a moagem nesses períodos".
O pesquisador da Embrapa Robert Schaffert apresentou um histórico do programa de melhoramento de sorgo e enfatizou os benefícios da utilização dessa cultura para a produzir etanol. Segundo Schaffert, o sorgo é mais eficiente do que a cana no uso de água e sua produção pode ser completamente mecanizada.
No final da década de 1970, quando o governo brasileiro desenvolveu o programa "Pró-Álcool", a Embrapa investiu em pesquisas com sorgo sacarino. Na época, foram lançadas duas variedades (BRS 506 e BRS 507) e a tecnologia para produção de etanol a partir de sorgo foi validada.
Em 1985, os estudos nessa linha foram interrompidos, tendo sido retomados no ano passado, em função do aumento da demanda por informações. "Em mais de 30 anos de trabalho na Embrapa, nunca vi uma demanda tão intensa por sorgo para estender a safra de cana como agora", comentou Schaffert.
O pesquisador explicou que o sorgo sacarino pode ser colhido três a quatro meses após o plantio (100-120 dias). O cultivo é estabelecido a partir de semente e a cultura pode complementar a produção de cana na geração de etanol.
Dados de pesquisa demonstram o alto potencial produtivo da cultura, com médias de 60 toneladas de biomassa verde por hectare em quatro meses, enquanto a cana tem produtividade média de 80 toneladas por hectare, mas no período de um ano.
Existe um interesse crescente de produtores em fazer o plantio de sorgo nas áreas de renovação da cana-de-açúcar. "Após o quinto corte, fazem novo preparo do solo, adubação e plantio. A intenção é fazer o cultivo de sorgo sacarino nessas áreas, em quatro meses, antes de plantar novamente a cana. Estima-se que, no Brasil, 20% dos terrenos usados na produção de cana estão em renovação a cada ano", explica o pesquisador Rafael Parrella.
O maior desafio atual para a pesquisa sobre sorgo sacarino é investir em sistemas de produção. "Precisamos saber plantar e saber colher. É importante compatibilizar a mecanização, usar o mesmo maquinário empregado na produção de cana para o sorgo", afirmou o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Milho e Sorgo, Antônio Álvaro Corsetti Purcino.
Saiba mais
O sorgo sacarino é uma forrageira com alta produção de biomassa verde. Pode atingir de quatro a cinco metros de altura, com produtividade média de 60 toneladas por hectare. Essa planta possui colmos suculentos, ricos em caldos que são, por sua vez, são ricos em sacarose.
Abaixo, confira os membros do CAE da Embrapa Milho e Sorgo que estiveram presentes na reunião.
Alfredo Tsunechiro
Pesquisador IEA (Instituto de Economia Agrícola)
Alysson Paolinelli
Consultor
José Geraldo Eugênio de França
Diretor Executivo da Embrapa
Odacir Klein
Presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho)
Urbano Campos Ribeiral
Presidente Agroceres
Valentino Rizzioli
Presidente do Grupo Case New Holland
Texto: Marina Torres (MG 08577 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
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