10/9/2010 14:30:11
Uma conferência sobre o potencial e limitações da fixação biológica de nitrogênio em gramíneas realizada durante o XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo apresentou os últimos resultados de pesquisa da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para possibilitar, em um futuro próximo, a substituição de adubos nitrogenados por fontes naturais de um dos mais importantes elementos exigidos pela cultura do milho na obtenção de altas produtividades. Os cereais, incluindo o milho, o sorgo e o milheto, são altamente dependentes do nitrogênio, elemento componente de 70% dos fertilizantes importados.
Segundo o pesquisador José Ivo Baldani, da Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ), há resultados bastante promissores na inoculação de algumas bactérias diazotróficas que vêm sendo estudadas sobre a produtividade do cereal. "Registramos incrementos de até 300 quilos na produtividade de grãos. Além da disponibilização do nitrogênio, algumas bactérias atuam de forma benéfica em outras atividades metabólicas, como no controle de patógenos e no desenvolvimento do sistema radicular, o que resulta em maior capacidade de absorção de água e de nutrientes do solo", adianta o pesquisador.
Segundo ele, este universo ainda é muito pouco conhecido. "Há uma diversidade enorme de bactérias fixadoras de nitrogênio em gramíneas. Desconhecemos 90% delas", explica. De acordo com Baldani, a interação entre ácidos húmicos e bactérias diazotróficas também tem mostrado resultados positivos na produtividade do milho. "Os avanços recentes mostram que há respostas variadas em relação à inoculação de algumas bactérias em gramíneas e pretendemos eliminar ou reduzir essas variações em um futuro próximo", revela.
Para isso, continua, um projeto conduzido pela equipe do pesquisador pretende realizar o sequenciamento de sete bactérias identificadas como promissoras na fixação biológica de nitrogênio em gramíneas. "Em até seis meses já teremos os primeiros resultados", adianta. A conferência foi coordenada pelo pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Ivanildo Evódio Marriel, que atua na área de eficiência de uso de nitrogênio em milho, sorgo e milheto.
MEMÓRIA - A cientista Johanna Döbereiner, que iniciou em 1958 as pesquisas com fixação biológica do nitrogênio em leguminosas, responsáveis por colocar o Brasil em posição de destaque na produção de soja por substituir o uso de fertilizantes nitrogenados, foi citada durante a conferência no XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo.
Os estudos da cientista permitiram que a fixação do nitrogênio pelas plantas fosse feita pela bactéria rhizobium. Dessa forma, a soja gerava seu próprio adubo. A alternativa brasileira de estabelecer simbioses eficientes com rizóbios permitiu a eliminação dos adubos nitrogenados na cultura da soja, o que representa uma economia anual de mais de dois bilhões de dólares para o Brasil.
O XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, realizado pela Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Transferência de Tecnologia, Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e Universidade Federal de Goiás, acontece até a próxima quinta-feira em Goiânia-GO. A promoção é da ABMS (Associação Brasileira de Milho e Sorgo).
SERVIÇO:
Evento: XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo
Local: Centro de Convenções e Eventos da Universidade Federal de Goiás (Goiânia-GO)
Data: de domingo (29/08) a quinta-feira (02/09)
Texto: Guilherme Viana (MTb/MG 06566 JP)
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG): www.cnpms.embrapa.br
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