1/2/2011 10:54:37
"É mais uma região que vai se tornar um polo forte de integração de tecnologias sociais. Primeiro, é importante produzir água com as barraginhas. Em seguida, virão os lagos de múltiplo uso." A explicação é do engenheiro agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Luciano Cordoval e refere-se aos municípios mineiros de Resplendor e Itueta, próximos à divisa com o Espírito Santo.
No último dia 26, um treinamento deu início à construção de 380 barraginhas na comunidade São Simeão, norte de Itueta. A atividade faz parte de um projeto elaborado pelos próprios moradores da localidade.
O interesse dos moradores pela captação das águas de chuva surgiu há quatro anos quando Luciano Cordoval apresentou uma palestra na região. "Ofereci um treinamento no Instituto Terra (Aimorés-MG) e construímos uma barraginha para demonstração em Itueta", explica o engenheiro agrônomo.
Depois desse primeiro contato, um grupo de produtores da região visitou a Embrapa Milho e Sorgo para conhecer melhor a tecnologia e as ações não pararam por aí. "Há dois anos, eles construíram 47 barraginhas por conta própria", conta Luciano.
Membros do Conselho de Desenvolvimento Comunitário de São Simeão elaboraram um projeto para propagar a iniciativa e conseguiram financiamento da Fundação Banco do Brasil. Para iniciar a construção das covas que captam a água de enxurradas, foi realizado um curso em parceria com o projeto Disseminação das tecnologias sociais Barraginhas e Lagos de Múltiplo Uso, coordenado por Luciano Cordoval e custeado pelo programa "Desenvolvimento e Cidadania", da Petrobras.
O engenheiro agrônomo frisou os benefícios das barraginhas, que proporcionam a infiltração das águas de enxurrada no solo, evitando erosão do terreno e promovendo o reabastecimento do lençol freático. Com a elevação do nível do lençol d'água é possível, num segundo momento, construir lagos de múltiplo uso, que podem ser abastecidos a partir de cisternas.
Ao contrário das barraginhas, os lagos não promovem a infiltração de água no solo. São impermeabilizados com revestimento de lona (coberta com uma camada de terra) e têm finalidades variadas. Servem como reservatórios para abastecimento, irrigação ou criação de peixes. Também podem ser utilizados para acondicionar e tratar dejetos líquidos de suínos ou bovinos.
A integração das tecnologias sociais barraginhas e lagos de múltiplo uso tem apresentado bons resultados. Luciano acredita que em São Simeão não será diferente. "Vamos produzir água com as barraginhas. Proximamente, virão os laguinhos lonados. Na comunidade, os lagos vão funcionar como reservatórios para abastecer os bebedouros do gado", diz, animado.
O projeto desenvolvido pelo Conselho de Desenvolvimento Comunitário de São Simeão na região de Itueta e Resplendor é financiado pela Fundação Banco do Brasil e tem apoio da Embrapa Milho e Sorgo e da Capel (Cooperativa Agropecuária de Resplendor), que reúne produtores de 25 municípios de Minas e do Espírito Santo.
Texto: Marina Torres (MG 08577 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
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