08/03/2012 11:17:45
Em um país onde aproximadamente 85% da área plantada com soja, 75% da área de milho e 28% da área de algodão são geneticamente modificados, a produção do Brasil, em conjunto com a Argentina, equivale à de transgênicos nos Estados Unidos, principal produtor mundial. Nesse contexto, a pesquisadora Deise Maria Capalbo, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna-SP), coordenadora do projeto Lac-Biosafety no Brasil, destacou o papel de cada país da América Latina que ratificou o Protocolo de Cartagena durante a abertura do workshop "Milho Transgênico: Realidade & Perspectivas", que acontece até sexta-feira, 09, na Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG).
O projeto Lac-Biosafety é uma iniciativa que visa fortalecer a capacidade técnica em biossegurança dos países participantes - Brasil, Colômbia, Costa Rica e Peru - tendo como referência as diretrizes que compõem o Protocolo de Cartagena. Segundo Deise Capalbo, a importância de se ratificar esse Protocolo é a transparência e o posicionamento perante a sociedade em todos os aspectos ligados à biossegurança. E, ao final da sua apresentação, ela levantou duas questões para debate: o intenso crescimento das culturas transgênicas e preocupações com o uso intensivo dessa tecnologia.
"A necessidade de se controlar pragas e a eficiência mostrada pelos transgênicos em casos difíceis podem explicar a crescente evolução do uso dessa tecnologia. Por outro lado, nós, pesquisadores, já estamos preocupados com hipóteses futuras, como a perda de resistência pelo uso não adequado dos organismos geneticamente modificados", disse. Representantes do projeto Lac-Biosafety de cada país componente mostraram as realidades locais durante o primeiro dia do workshop. Veja abaixo os principais pontos abordados.
Honduras
Único país da América Central que permite testes em campo com transgênicos.
México
Possui áreas para experimentação em campo. São mais de 400 mil hectares plantados com algodão, soja e milho transgênicos.
Argentina
Após 15 anos de cultivos transgênicos, o país possui 22,9 milhões de hectares com milho, soja e algodão GM. Segundo o pesquisador Guillermo Eyhérabide, do Inta (Instituto Nacional de Tecnologia Agorpecuária), a percepção por parte dos agricultores é a de que os OGMs são a única solução tecnológica no quesito competitividade. "Essa tecnologia está fortemente concentrada", ponderou.
Colômbia
A pesquisadora Elizabeth Aguilera, da Corpoica (Corporação Colombiana de Pesquisas Agropecuárias), apresentou um diagnóstico do país onde há dois sistemas de produção de milho; um tradicional, que ocupa 56% da área plantada, atingindo a produtividade de 1,6 toneladas por hectare, e um tecnificado, com 44% da área plantada, com uma produtividade que chega a 4,4 toneladas por hectare. "O milho GM representa entre 20% e 30% dos cultivos tecnificados", disse. "Os principais insetos-alvo do milho Bt são a Diatraea saccharalis, a Spodoptera spp. e a Helicoverpa zea.", completou.
Brasil
O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Milho e Sorgo, Sidney Netto Parentoni, apresentou um diagnóstico do cultivo de milho transgênico no país, "que permeia toda a cadeia produtiva". Entre os principais pontos, Parentoni destacou que a técnica é segura para a alimentação, que não apresenta impactos ambientais negativos e que atende às necessidades do produtor. "Graças ao aumento da produtividade e ao uso da biotecnologia, o agronegócio brasileiro é hoje a base da economia e da própria sociedade", concluiu.
Mais informações: NCO (Núcleo de Comunicação Organizacional) da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Embrapa, vinculada ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento): (31) 3027-1272 ou nco@cnpms.embrapa.br .
Texto: Guilherme Viana (MTb / MG 06566 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
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