27/09/2012 13:47:05
Pesquisadores e analistas de diversas Unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) estão reunidos em Brasília-DF até a próxima sexta-feira, 28, para discutirem resultados já atingidos e estratégias sobre o projeto de Biofortificação no Brasil. Ontem, quarta-feira, o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Paulo Evaristo Guimarães apresentou uma análise do que já foi feito e as perspectivas sobre o lançamento do milho pró-vitamina A, que possui concentrações dessa substância superiores ao milho comum.
Segundo ele, serão avaliados 160 progênies e 30 híbridos em ensaios de campo em Sete Lagoas e em Goiânia na safra 2012/2013 e a expectativa de lançamento comercial da nova cultivar é para o próximo ano. A cultivar já está em fase de registro e proteção no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a próxima fase será a multiplicação de sementes da variedade. Os focos desse novo milho serão comunidades carentes, uso em merenda da rede pública de ensino e em propriedades familiares de baixa produtividade.
O milho em fase de lançamento apresenta concentração de carotenoides precursores de pró-vitamina A de até 8 microgramas/grama, sendo que o cereal comum apresenta cerca de quatro vezes menos nutrientes. A pró-vitamina A, a partir de reações químicas no organismo, se transforma em vitamina A. Entre seus papéis, está a manutenção de uma boa visão. De acordo com o pesquisador, os trabalhos de seleção visando plantas com maiores concentrações desse nutriente continuarão em busca também de outras características agronômicas exigidas pelo mercado, como produtividade e tolerância às principais pragas e doenças.
Outro fator apontado por Paulo Evaristo é a necessidade de acertos quanto aos cuidados necessários durante a colheita e o processo de armazenamento desse milho. "Verificamos que os efeitos do ambiente durante o processo de secagem têm bastante impacto sobre as concentrações da pró-vitamina A nos grãos", disse. Dessa forma, o comitê gestor do projeto de Biofortificação de Alimentos preparará material promocional (vídeos, folderes e cartilhas) com recomendações agronômicas como essas.
Ainda neste ano, segundo o pesquisador, serão montadas unidades de observação para verificar a manutenção das concentrações de pró-vitamina A nos grãos. Desde 2006 a equipe de melhoramento da Embrapa Milho e Sorgo vem realizando testes com os melhores materiais que se destacam nesse quesito e prefeituras de cidades localizadas próximas à Empresa, na região Central de Minas Gerais, vêm avaliando a variedade, que apresenta grãos na cor amarela intensa e é de ciclo precoce.
Participam da reunião as seguintes Unidades da Embrapa: Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ), Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO), Hortaliças (Brasília-DF), Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA), Meio-Norte (Teresina-PI), Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE), Semiárido (Petrolina-PE) e Embrapa Trigo (Passo Fundo-RS).
ENTENDA O PROJETO - Uma das principais contribuições que a pesquisa agropecuária deve oferecer para o combate à desnutrição é o desenvolvimento de alimentos mais nutritivos. Além de características desejáveis como a facilidade de serem produzidos, processados e consumidos, tais alimentos devem ser também acessíveis à dieta básica das populações, em especial, das regiões mais pobres do mundo, como África, Ásia, América Latina e Caribe, principais focos dos programas HarvestPlus e AgroSalud, que no Brasil configuram uma rede de centros de pesquisa coordenados pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ).
A biofortificação de produtos agrícolas para melhoria da nutrição humana tem o objetivo de suprir a dificuldade de suplementação de vitaminas e minerais (pró-vitamina A, ferro e zinco) em regiões sem infraestrutura adequada para a distribuição de alimentos processados. Por isso, a proposta supera as limitações a partir do uso de tecnologias que têm como base a semente de produtos agrícolas melhorados convencionalmente (cruzamento de plantas da mesma espécie).
Sementes com maiores teores de micronutrientes são o diferencial do programa. De acordo com o pesquisador Paulo Evaristo Guimarães, o milho, devido à sua amplitude e facilidade de produção e consumo, é um dos cereais que merece destaque nessa rede de pesquisa que também investiga arroz, feijão, feijão caupi, abóbora, batata doce, mandioca e trigo.
Mais informações: Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO) da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento): (31) 3027-1905 ou nco@cnpms.embrapa.br .
Texto: Guilherme Viana (MTb / MG 06566 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
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